Análise: Vitória se apresenta para 2023 com boa surpresa, ajuste de Burse e sofrimento até o fim
O ano pode até mudar, mas o Vitória segue sofrendo mais do que deveria. Nesta quinta-feira, o Rubro-Negro estreou na temporada com triunfo por 2 a 1 sobre o Cordino, no Barradão, e avançou para a segunda fase da Pré-Copa do Nordeste para enfrentar o Jacuipense. Em uma partida com domínio absoluto do começo ao fim, o time de João Burse só conseguiu marcar o gol da classificação aos 50 minutos do segundo tempo - e contra.
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João Burse abriu a temporada escalando uma equipe titular com apenas quatro remanescentes de 2022 (três titulares). Vale lembrar aqui que o treinador teve uma série de problemas, seja por suspensão (Eduardo), lesão (Dionísio) ou questões burocráticas (Léo Gamalho, Dankler e Dibble). Muitos deles cotados para começarem o ano na equipe principal ou ao menos irem a campo nesta noite. Contudo, o mesmo Burse não reclamou das ausências e confiou na força do grupo, como destacou na entrevista coletiva realizada na véspera da partida.
No primeiro jogo de 2023, o Rubro-Negro teve João Pedro responsável pela saída de bola (assunto para daqui a pouco), Rodrigo Andrade e Diego Torres mais à frente, e Gegê, Osvaldo e Tréllez no comando do ataque. O time teve mais posse de bola, volume de jogo, mas sofreu gol contra na única jogada de perigo do adversário. Em resumo: poderia ter definido sua vida muito antes dos 50 minutos do segundo tempo.
1 de 2 Alisson Santos comemora gol contra o Cordino — Foto: Pietro Carpi / EC VitóriaAlisson Santos comemora gol contra o Cordino — Foto: Pietro Carpi / EC Vitória
Diante de um adversário recuado, o Vitória jogou com seus meias e atacantes boa parte do tempo pelo centro da campo, abrindo o corredor para os laterais, bem participativos nesta noite. Contudo, o time afunilou jogadas em demasia. E ter João Pedro como responsável pela saída de boa não funcionou na dinâmica de construção, uma vez que o volante mostrou lentidão e foi impreciso nos passes.
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Na esquerda, Osvaldo até fazia a dobradinha com João Lucas; porém, na direita, Gegê jogou praticamente o tempo todo ao lado de Tréllez e poucas vezes combinou jogadas com Railan. Na melhor delas, o lateral encontrou Rodrigo Andrade (surpresa positiva no time desta noite) infiltrando na defesa e finalizando certeiro no gol para abrir o placar.
Acontece que o lance que daria mais tranquilidade ao Vitória foi seguido por um gol contra dois minutos depois de Camutanga. Após o empate, o time rubro-negro parece ter sentido o golpe e demorou a reagir. Somente na reta final da etapa inicial voltou a pressionar, com as melhores oportunidades em chutes de longa distância.
O técnico do Vitória lançou o time mais à frente no segundo tempo ao sacar João Pedro no intervalo e colocar Rafinha, artilheiro do time na temporada passada. Com a mudança, Rodrigo Andrade recuou como primeiro volante e fez o time melhorar em circulação de bola. Outra novidade foi a mudança de lado de Osvaldo, que passou a dar opção pelo lado direito e combinar jogadas com Railan.
2 de 2 Jogadores do Vitória comemoram classificação com a torcida — Foto: Pietro Carpi / EC VitóriaJogadores do Vitória comemoram classificação com a torcida — Foto: Pietro Carpi / EC Vitória
O Vitória do segundo tempo seguiu com mais posse de bola, mas, diferentemente da etapa inicial, conseguiu traduzir em oportunidades. Com mais volume pelo lado direito e também boa participação de João Lucas na esquerda, o time acertou a trave duas vezes e sequer viu o adversário levar perigo a Dalton. O problema é que o tempo foi inimigo do time rubro-negro, que caiu fisicamente e tecnicamente.
A partir dos 25 minutos, o Vitória perdeu em organização e intensidade. Nervoso, forçou bolas aéreas, e João Burse sacou o meia Diego Torres, para a entrada do atacante Wanderson, a fim de dar mais presença de área ao time. Com o jogo se encaminhando para a disputa de pênaltis, o treinador teve mais um movimento arriscado ao colocar os jovens Alisson Santos e Ruan Nascimento. Mas a decisão acabou premiada.
Aos 50 minutos, Alisson jogou a bola na área e contou com desvio do zagueiro, que marcou contra. Um prêmio ao Vitória pela insistência.
O Vitória deixa o campo com o dever cumprido, mas deve ter a consciência de que flertou com o perigo logo no seu primeiro jogo contra um dos adversários mais frágeis que vai enfrentar no ano. Mas há muito tempo para melhora. O problema é que no domingo tem mais uma decisão contra um rival que fez a sua parte como se devia e goleou dentro de casa. Portanto, é bom João Burse ficar atento. Vai precisar fazer o seu time jogar mais que nesta noite.
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