O que será da marca Pelé? Empresário revela demanda do mercado, mesmo após morte

Poucas horas após a morte de Pelé, o americano Joe Fraga já tinha no celular contatos de empresas interessadas em fazer negócios com a marca do Rei. Ele se incomodou com a atitude. Não era hora de falar em dinheiro. Mas esse momento inevitavelmente chegará.

O escritório da Sport 10, empresa que administra a imagem do ídolo, está fechado em respeito ao falecimento dele. Quando for reaberto e seus funcionários voltarem a trabalhar, Joe terá pela frente a análise de cerca de 25 propostas comerciais. Contratos não param de chegar.

Pelé ao lado de Joe Fraga — Foto: Arquivo pessoal 1 de 3 Pelé ao lado de Joe Fraga — Foto: Arquivo pessoal

Pelé ao lado de Joe Fraga — Foto: Arquivo pessoal

São pedidos para a confecção de criptomoedas, roupas e tênis, todos com a intenção de vincular os produtos à imagem de Pelé. Negócios dessa natureza não cessarão após a morte dele, mas não quer dizer que serão todos aceitos para faturar em cima dela.

– Infelizmente, horas depois da morte dele, já tinha gente me mandando contratos, pedidos e tudo. Para mim, é um pouco de falta de respeito. Meu celular não para desde o dia 29 – disse Joe, uma das pessoas mais próximas a Pelé nos últimos anos, ao podcast Dinheiro em Jogo.

No episódio – do qual participou também o publicitário Armênio Neto, responsável por buscar patrocínios para o Rei do Futebol –, o americano falou sobre os próximos desdobramentos dos negócios. Edson Arantes do Nascimento partiu, mas a marca Pelé seguirá em atividade.

A estratégia para o futuro de Pelé entraria em nova fase de qualquer jeito. Nas reuniões de planejamento feitas entre o ex-atleta e os empresários dele no ano passado, por volta de setembro, tinha ficado combinado que eles investiriam no reforço da fundação que leva o nome dele.

– Há algumas coisas grandes, como focar mais na fundação. Você vai ver que no futuro vamos focar mais em programas de educação, saúde infantil, refugiados – explicou Fraga.

A mudança era necessária antes mesmo da morte do ídolo. Aos 82 anos, convivendo com problemas de saúde fazia alguns anos, Pelé já não tinha a mesma disposição para comparecer a eventos, gravar campanhas publicitárias, entre demandas profissionais que exigiam a presença dele.

Licenciamentos eram outra linha de negócios que seria expandida, também para aliviar a agenda da majestade. Produtos que levam a imagem dele não necessariamente exigem presença.

Produto licenciado de Pelé, sob gestão da Sport 10 — Foto: Reprodução 2 de 3 Produto licenciado de Pelé, sob gestão da Sport 10 — Foto: Reprodução

Produto licenciado de Pelé, sob gestão da Sport 10 — Foto: Reprodução

Ainda que possa parecer insensível, porém pragmático, o fato é que a marca de Pelé continua a existir mesmo depois de sua morte. E os direitos dela estão vinculados à Sport 10. Portanto, assim que voltar a trabalhar, Joe terá de prestar contas aos acionistas da empresa sobre os negócios.

Não quer dizer que contratos serão fechados aos montes. De acordo com o americano, a ideia é ter não mais do que seis ou oito patrocinadores ao mesmo tempo. A marca do ex-jogador não pode ser banalizada.

– Isto de ter muitos pedidos não importa, porque só vamos escolher os pedidos que acreditamos que devam ser parte. Não é para ganhar dinheiro agora e tirar vantagem da situação – disse Joe.

No fim dos anos 2000, Pelé ainda tinha seus direitos de imagem espalhados entre diversos contratos. Patrocínios aqui, licenciamentos ali. A desorganização levou à necessidade de nova estrutura.

Houve então um processo de concentração dos negócios vinculados ao Rei do Futebol em uma empresa só. Depois, esta empresa teve parte de seu capital vendido para investidores estrangeiros.

A princípio, o negócio havia sido fechado com o empresário britânico Paul Kemsley. Ele também tinha sido proprietário do Tottenham, na Inglaterra, e do New York Cosmos, nos Estados Unidos – o clube em que Pelé havia jogado em 1975. Passado certo período, Kesmley vendeu esses direitos.

Pelé nos Estados Unidos — Foto: New York Cosmos 3 de 3 Pelé nos Estados Unidos — Foto: New York Cosmos

Pelé nos Estados Unidos — Foto: New York Cosmos

A nova proprietária da imagem do ex-jogador, o grupo de investimentos americano MGG, colocou Joe Fraga para cuidar pessoalmente do negócio. Ele, então, passou a ser a pessoa mais próxima de Pelé no cotidiano profissional, responsável desde a estratégia até a execução dela.

Contratualmente, a Sport 10 podia até obrigar o craque a participar de determinados compromissos comerciais, mas essas cláusulas nunca precisaram ser acionadas. Não fosse a saúde, ele não contrariava.

O trabalho também incluía a participação nas redes sociais, relativamente recente. A estrutura conta com jornalistas brasileiros para redigir textos e montar um planejamento do que deveria ser dito e quando. Às vezes, como na ocasião da morte de Maradona, era Pelé quem tomava a iniciativa para falar. Ele participava ativamente de todo o processo.

@rodrigocapelo

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