Vojvoda explica escolha pelo Fortaleza em 2023 e fala da vida; veja entrevista exclusiva

Juan Pablo Vojvoda tem escrito uma história vitoriosa com o Fortaleza. Chegou como novidade no futebol brasileiro, logo surpreendeu com resultados empolgantes e futebol vistoso em campo. O carinho do torcedor e de todos do clube veio de forma natural. As vitórias aproximaram o técnico das arquibancadas, mas o carisma e a boa relação fizeram render momentos especiais e inclusive mosaico para família.

O técnico, que prega intensidade, se concentra em 2023 e quer mais com o Fortaleza. 💥️Ele deu entrevista exclusiva ao ge, que você confere na íntegra abaixo.

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM 1 de 7 Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

Com contrato firmado com o Leão por dois anos, até 2024, Vojvoda inicia uma nova temporada com mudanças no elenco e novos desafios. O time entra como favorito em competições como Cearense e Copa do Nordeste. Ainda tem pela frente a Copa do Brasil, Pré-Libertadores e Série A do Campeonato Brasileiro.

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💥️ge: Por que a escolha de renovar por dois anos e não só um, já que você também estava sendo cobiçado por outros times?

- Essa decisão foi principalmente por conta do projeto do clube. Eu falei muitas vezes que nos momentos bons tudo fica a favor, nos momentos ruins que vivemos no ano passado sentimos como comissão técnica e todo clube um apoio de toda a estrutura. Eu vejo que existe uma estrutura atrás do resultado. O resultado é importante e dependemos dele, o dia a dia é importante, mas temos um sustento em uma estrutura também. É o clube, não só os materiais e ferramentas, mas também os recursos humanos. Nas decisões difíceis para o treinador é preciso colocar na balança isso também.

💥️ge: O que mudou no Vojvoda que chegou em 2023 para hoje?

- O Fortaleza ajudou muito na maturidade, dediquei minha vida ao Fortaleza, tudo que eu faço é com vontade e paixão, porque gosto de fazer. Estou aqui porque decidi permanecer aqui, por uma decisão pessoal e profissional. Estou bem na cidade e necessito que o clube siga crescendo, quero continuar com esse projeto, assim como o Marcelo Paz e todos ao nosso redor. Queremos que o Fortaleza siga nesse caminho, que é superar o ano passado. Nem todos os anos podemos fazer isso, mas vamos lutar para fazer.

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Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

💥️ge: O que Vojvoda espera para 2023?

- É isso, estamos nesse momento com a montagem do elenco e isso é importante para o resto do ano. É um desafio. Quando conseguimos no primeiro ano o Campeonato Cearense, a quarta vaga e entramos na Libertadores, no segundo ano conseguimos o Cearense e a Copa do Nordeste. Agora, eu tenho uma responsabilidade e o torcedor está exigindo isso. Vamos brindar nosso esforço, trabalho e compromisso. Depois é futebol, os demais times também lutam por isso, mas temos que ter consciência que temos um bom time, temos uma estrutura que vai apoiar e torcedores que vão exigir, mas vão apoiar. Quando o Fortaleza jogar no PV, o time vai ter essa força. Nos momentos complicados eles chegam para dar esse plus. É uma massa que representa o time e que brinda nosso compromisso e trabalho.

💥️ge: O que consegue analisar de mudança dos técnicos estrangeiros no Brasil? Quando chegou era uma realidade diferente e hoje está entre um dos mais bem avaliados...

- O que eu considero é que agora conheço mais o futebol brasileiro. Há dois anos foi minha primeira experiência e precisava de uns meses para conhecer. Agora compreendo que temos que jogar a cada três dias, tem muita variação de treinadores, e é um futebol muito competitivo. Tanta competitividade acontece nessas mudanças, principalmente de treinadores. O Fortaleza manteve o processo e virem ao Brasil treinadores estrangeiros, argentinos, de Portugal, Miguel Ángel, isso é sempre bom, mas isso tem que estar combinado com a cultura do país e as ideias dos treinadores brasileiros também. Essa combinação faz o futebol brasileiro crescer.

💥️ge: Competitividade é um atrativo para os técnicos estrangeiros virem ao Brasil?

- Aqui no Nordeste tem muitas competições e nesse meio é muito atrativo. Ter muitas possibilidades de ganhar uma taça tem riscos, mas convivemos com isso, nos empolga e nos apaixona. Temos que estar com a cabeça preparada, nosso físico. Aqui temos muitas competições e com gente muito apaixonada e exigente. Isso é algo que gosto no futebol e estou agradecido também.

💥️ge: Quais são as projeções para essa temporada?

- Há um planejamento geral, temos cinco competições, mas esse planejamento geral, além de fazer, temos que ser conscientes. Temos que colocar nosso foco também no planejamento a curto prazo, partida a partida. Temos que focar no Campeonato Cearense, Copa do Nordeste e começar a Pré-Libertadores, que é um objetivo importante para a gente, pois lutamos muito para estar nessa posição. Vamos combinar todas essas competições, mas sem perder de vista o próximo jogo. No planejamento entra como estamos de formação do elenco, quantas competições nós temos, mas depois o planejamento é o dia a dia.

💥️ge: O mercado brasileiro ajudou na sua carreira como técnico?

- Com segurança, o Fortaleza foi um clube muito importante para toda comissão técnica, para mim pessoal e profissionalmente. Todas as coisas temos que continuar fazendo bem para seguir crescendo. Se eu quero crescer, o clube tem que seguir crescendo e os jogadores precisam ter essa mentalidade. Precisam estar todos juntos e será uma tarefa de todos.

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM 3 de 7 Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

💥️ge: O que você acha de um técnico estrangeiro na seleção brasileira?

- Há muitos treinadores com capacidade e mais do que escolher um treinador, é importante escolher um projeto e apoiar esse projeto. Todos que têm essa responsabilidade de escolher um treinador precisam desse consenso para definir e dar confiança, apoio. A seleção brasileira exige aos treinadores, jogadores e aqueles que tomam decisões. Esses que tomam decisões precisam estar abertos para discutir esses pontos e desse diálogo pode sair uma boa resposta. Eu acho que tem que ser a consciência, o debate, os projetos e como há treinadores qualificados estrangeiros, há treinadores qualificados do futebol brasileiro. Seleção Brasileira ganhou Copas do Mundo com treinadores brasileiros, com treinadores que compreendiam a cultura. Eles estão qualificados para fazer um bom trabalho no máximo que tem no Brasil, que é a própria Seleção.

💥️ge: Você não está muito preocupado com essa história de Seleção, já que a sua acabou de ser campeã, num é?

- Estamos muito orgulhosos e o Scaloni também passou por essa etapa. Foi criticado, diziam que não tinha experiência, mas esse é o futebol. No futebol muitas vezes se queimam os livros e acontecem coisas no próprio jogo. Com trabalho e com gestão de grupo, ele levou a Argentina a conseguir a taça da Copa América e continuar essa conquista com a Copa do Mundo.

💥️ge: Como foram as férias no final do ano?

- Relaxei, férias sempre são boas, mas no futebol profissional o celular sempre está perto quando há contratação, ou decisões que são minhas, continuamente em contato com a diretoria, ligação para os jogadores. Também é momento de estar com a família, e família de treinador já entende que férias são férias de não vir para o campo de treinamento, mas não são férias do telefone e de tomar decisões. Mas gosto.

Treino Fortaleza, Vojvoda — Foto: Mateus Lotif 4 de 7 Treino Fortaleza, Vojvoda — Foto: Mateus Lotif

Treino Fortaleza, Vojvoda — Foto: Mateus Lotif

💥️ge: No período de Copa do Mundo, você aproveitou para dar aquela olhadinha nas outras seleções, curtir os jogos ou só análises?

- Sim, é um momento que temos como analisar tática e o que se está fazendo de novo no mundo. O Mundial é isso. É uma combinação de futebol de todos os continentes e também é uma paixão, que muitas vezes não desfrutamos, não conseguimos olhar, porque muitas vezes estou muito focado no meu time. Com sua própria seleção também não dá pra só desfrutar, porque você sofre. Dá para desfrutar principalmente dos diferentes jogos, como Alemanha e Espanha. Dá para desfrutar desinteressadamente do próprio jogo.

💥️ge: O Fortaleza voltou e as férias acabaram. Com um calendário apertado para essa temporada, o que fazer mirando as próximas competições?

- O planejamento é continuar um processo que vamos pelo terceiro ano, a reincorporação dos jogadores, que assumem rapidamente a ideia do clube e do dia a dia, e os jogadores que continuaram seguirem com o compromisso e dedicação e transmitirem isso para quem chega. É isso que estamos fazendo ao lado do trabalho tático e físico. Isso acontece na pré-temporada.

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM 5 de 7 Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Kid Júnior/SVM

💥️ge: Surpreende o número de Sul-Americanos chegando no Fortaleza. Tem dedo seu nessas escolhas? Como está o seu contato com esses jogadores?

- Ano passado tivemos entre seis e sete estrangeiros, entre eles chilenos, venezuelanos, argentinos, equatorianos... Esse ano acontece algo similar, não há tantas nacionalidades diferentes, mas temos muitos argentinos. Temos um departamento de análise que analisa também o mercado Sul-Americano. A partir daí estão as incorporações. Jogadores estrangeiros precisam vir ao Brasil, se adaptar à cultura, vida e futebol. Temos jogadores com capacidade para fazer isso e minha conversa com eles é comentar minha experiência. Eu também sou estrangeiro, se eles trabalham, têm compromisso e bom dia a dia, com humildade necessária, o jogador estrangeiro vai ser muito bem recebido e vai poder fazer seu trabalho de uma forma legal.

💥️ge: Aquele dia do mosaico na Arena Castelão, com sua família, pesou na decisão para renovar? O que sentiu?

- Foi inesquecível, não só para mim, mas também para minha família. Lembro que estava com minha senhora, meus três filhos, meu irmão e minha mãe, são momentos que são muito difíceis de conseguir esse carinho. Consegui isso e desfrutei esse momento. Me dá uma responsabilidade por trás. Nas minhas costas está a responsabilidade de continuar com esse processo e brindar o Fortaleza com o que merece. O time sofreu muito. No dia a dia encontrei pessoas que lembram bem dos momentos dos oito anos na Série C, morei do Pici. Agora que estamos bem, temos que cuidar disso. O torcedor diz que "quando estivemos em ruína tivemos força e quando estamos bem temos que lembrar esse aprendizado e a lembrança tem que ir com o cuidado de apoiar para que o time siga nesse caminho".

💥️ge: Você fez promessa e pagou indo até Canindé no final do ano. Conta um pouco sobre esse episódio e como surgiu a ideia da promessa.

- Foi muito simples e do dia a dia. Nesse momento estávamos com Mourão, o massagista, o roupeiro, Toinha, estávamos em último na tabela e acreditávamos muito que íamos sair. Disseram que se chegasse a 45 pontos íamos a Canindé. Eu não sabia o que significava isso, mas explicaram. Quando conseguimos os 45 pontos tivemos que ir. Mas era coisa de três ou quatro pessoas, quando conseguimos a pontuação pegamos um carro e fomos. Quando chegamos tinha muita gente, como sempre tem. Fomos bem recebidos, desfrutamos da missa e do nosso passeio. Necessitava disso porque nos momentos complicados muita gente vinha até mim e dizia que estava rezando pelo time, então isso foi muito legal.

💥️ge: Já existe outra promessa para essa temporada?

- Promessas são individuais. Essa foi pública, mas não queria. Só quatro pessoas sabiam e saímos às 5h da manhã daqui. Acho que as promessas precisam ser reservadas. Não teve problema, pois estou convencido que as pessoas de Canindé também fizeram força. Conseguimos mais do que pedimos.

Torcida do Fortaleza faz mosaico e emociona Vojvoda — Foto: Thiago Gadelha / SVM 6 de 7 Torcida do Fortaleza faz mosaico e emociona Vojvoda — Foto: Thiago Gadelha / SVM

Torcida do Fortaleza faz mosaico e emociona Vojvoda — Foto: Thiago Gadelha / SVM

💥️ge: Como é o Vojvoda na capital cearense? Aproveita para visitar os lugares?

- Quando tenho tempo livre e estou sozinho gosto de ficar na minha casa, caminhar em uma praia, aqui em Fortaleza tem muitas praias. Agora com minha família, eles estão de férias, saímos para jantar, mas coisas simples, muitas vezes preferimos ficar em casa e desfrutar disso. Passo muito tempo aqui no Pici e muitas vezes para passar tempo com meus filhos trago eles.

💥️ge: Então você já está produzindo uma safra de jogadores ou técnicos?

- Eles são muito apaixonados pelo futebol e apoiam cada vez que o Fortaleza joga. Quando estão aqui querem vir para os treinamentos e estão muito apaixonados para ir ao estádio.

💥️ge: Que tipos de comidas regionais você já experimentou? Tem alguma preferida?

- Quando fui para a Argentina comi muito assado, porque as parrillas são diferentes e desfrutamos. Mas quando venho aqui nos adaptamos à comida brasileira, queremos camarão... Sei que na América Latina tem gente sofrendo na parte econômica, enquanto a comida, o Brasil tem uma boa parte culinária. Temos o mar, diferentes comidas que podemos aproveitar. No Pici provamos de tudo, cuscuz, tapioca. Aqui se come muito arroz, farofa, essas coisas...

💥️ge: Qual o seu recado para a torcida que apoiou e confiou no trabalho?

- O recado é sempre o mesmo, precisamos deles em cada partida, precisamos do apoio deles e temos. Nossa responsabilidade é dar a eles alegria, compromisso e trabalho. Os torcedores do Fortaleza tem isso no sangue, vão ao estádio ver o time e são a coisa mais importante no clube. Jogadores, treinador e diretoria são importantes, mas o que está sempre e vai continuar são os torcedores. Nós temos que ter essa responsabilidade, tem jogadores que estão muito comprometidos com a instituição e temos que ter esse sentimento de pertencimento a esse clube. O lugar mais importante para a comissão técnica e para os jogadores nesse momento é o Fortaleza. Temos uma responsabilidade com cada um dos torcedores. É nosso compromisso.

💥️ge: Já aprendeu expressões cearenses?

- Sim, mas não sei reproduzir. Meu português segue ruim, mas compreendo melhor as pessoas que falam comigo no dia a dia, tenho que falar melhor e é meu compromisso melhorar isso.

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC 7 de 7 Vojvoda, Fortaleza — Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC

Vojvoda, Fortaleza — Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC

💥️ge: Você já conhecia o Presidente Vargas?

- Fui ao PV conhecer o estádio e a primeira vez que recebi a informação que viria trabalhar em Fortaleza eu quis conhecer o Castelão, o Pici, muitas vezes o Fortaleza jogou no PV. Quando quis saber do PV comentaram que não jogavam lá por conta da pandemia e do hospital. Mas sei que muito da história do futebol cearense está no gramado do PV.

💥️ge: O Fortaleza tem dois times? Você pensa em colocar um na Copa do Nordeste e outro no Cearense?

- Temos um time e não quero fazer essa diferença, não faço isso no treinamento. Vou escolher os melhores para cada partida. Todos jogadores estão com possibilidades e com capacidades para responder no momento que eu tiver que escolher. Não tem time A e B, vai ser só um. Temos um time muito competitivo e internamente tem muita concorrência. Vou escolher pelo rendimento. Vou errar. Sempre falo para os meus jogadores, eles erram em campo porque estão continuamente jogando, e eu estou continuamente tomando decisões, assim também vou errar, mas vamos cortar essa margem de erro. Isso exige muito foco e treinamento.

💥️ge: Os jogadores costumam elogiar o seu trabalho, até o Tomás Pochettino que chegou agora, mas já tinha trabalhado com você, comentou sobre a forma que você trabalha. Dá para dizer que para além da tática, você tem boa capacidade de lidar com o elenco. Como avalia isso?

- Agradeço ser querido pela torcida, alguns jogadores vão gostar de mim e outros nem tanto. Acho que o principal é que quem está fora do futebol vê os jogadores como uma máquina, primeiro há uma pessoa que joga futebol. Eles são pessoas que jogam e isso é o primeiro que precisa entender. Meu trabalho é escolher, às vezes escolho um jogador e outro, mas como pessoa eu trato todos iguais e acho que isso é o principal. São pessoas que têm seus problemas, as pessoas julgam pelo que veem dentro de campo, mas eu treino eles todos os dias e muitas vezes sei que ele não está bem, ou esse está mais motivado que o outro. Isso é o que comento com os jogadores, se crescer como pessoa, vai crescer como jogador também.

💥️ge: Como você lida com a expectativa após dois anos de muito sucesso com a equipe. Como se reinventar na temporada? Você tem essa cobrança?

- A expectativa é que sempre queremos mais, especialmente no mundo do futebol, que é muito competitivo. São novos objetivos, novos desafios e novo elenco. São novas exigências e a partir de tudo isso que é novo, estaremos prontos para fazer um trabalho como merece o clube.

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