Os bastidores (e os memes) da chegada de Francisco Diá ao Botafogo-PB

Fim de clássico. 💥️Moisés Egert ainda não sabia, mas o seu ciclo no 💥️Botafogo-PB tinha chegado ao fim naquele instante. Daí em diante, passando pela confirmação da saída do gaúcho até a chegada de 💥️Francisco Diá, o Belo viveu horas intensas de reuniões, desencontros e uma compreensível mudança de patamar na escolha de técnico.

Francisco Diá é apresentado pelo vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, Afonso Guedes — Foto: Divulgação / Botafogo-PB 1 de 8 Francisco Diá é apresentado pelo vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, Afonso Guedes — Foto: Divulgação / Botafogo-PB

Francisco Diá é apresentado pelo vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, Afonso Guedes — Foto: Divulgação / Botafogo-PB

Evidentemente que Diá não era a primeira opção. E ele sabe disso. A sua contratação fala muito do momento financeiro do clube e a disposição da diretoria em não reviver agruras do passado — como gastar mais do que pode.

O primeiro indício de que Egert não continuaria foi o fato de o treinador não aparecer para a entrevista coletiva após o jogo contra o Treze. No entanto, num flagra do 💥️repórter Fábio Hermano, da 💥️CBN João Pessoa, ele foi taxativo: iria continuar o trabalho na Maravilha. Em seguida, uma frase enigmática do vice-presidente de futebol Afonso Guedes.

— O Egert AINDA é técnico do Botafogo-PB. Mas vamos nos reunir neste domingo...

O "ainda" e uma reunião num domingo à noite não era normal. E só podia significar a demissão do treinador. O que seria definido dali em diante seria uma forma de minimizar o desgaste — fosse financeiro, negociando multas contratuais; fosse de imagem, de como justificar a mudança de planos depois de apenas cinco jogos. Houve quem fosse voto contrário à demissão, justamente por esses motivos, evocando mais uma semana de crédito para Moisés Egert, que teria pela frente Queimadense e Auto Esporte-PB. Uma meta de seis pontos nos dois jogos poderia acalmar a torcida e recolocar o Belo nos trilhos...

Não deu. Pesou o erro de 2022. A insistência com Itamar Schülle, no ano passado, acabou custando a classificação na Série C. Sacramentada a decisão da troca de treinador, o próximo passo seria decidir quem comandaria o time. Vários nomes foram especulados: Roberto Fernandes parecia o mais viável, mas a pedida estava longe da realidade do clube — algo em torno de R$ 50 mil por mês. Paulo Bonamigo, Evaristo Piza, Ranielle Ribeiro também foram lembrados...

Roberto Fernandes, técnico do CSA, chegou a estar na mira do Belo: salário acabou sendo o maior entrave — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas 2 de 8 Roberto Fernandes, técnico do CSA, chegou a estar na mira do Belo: salário acabou sendo o maior entrave — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

Roberto Fernandes, técnico do CSA, chegou a estar na mira do Belo: salário acabou sendo o maior entrave — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

E por que Francisco Diá?

— Queríamos mudar o perfil e trazer alguém com conhecimento do futebol paraibano — disse o presidente Alexandre Cavalcanti, justificando a escolha do veterano treinador.

A contratação de Diá marca uma mudança de filosofia de trabalho do Botafogo-PB. Nos últimos anos, o clube priorizou técnicos da nova geração — com exceção de Mauro Fernandes e Itamar Schülle, que absolutamente não deram certo. O perfil de treinador estudioso, com ares de modernismo e cursos da CBF, parecia ser o modelo ideal para o maior dos sonhos: o acesso na Série C. Sulistas (especialmente gaúchos) eram os preferidos, principalmente pelo conhecimento de mercado.

Francisco Diá, apresentação no Botafogo-PB: no primeiro dia, treinador já acompanhou o treino dos jogadores — Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB 3 de 8 Francisco Diá, apresentação no Botafogo-PB: no primeiro dia, treinador já acompanhou o treino dos jogadores — Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB

Francisco Diá, apresentação no Botafogo-PB: no primeiro dia, treinador já acompanhou o treino dos jogadores — Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB

Francisco Diá é uma quebra de paradigmas. E vem, principalmente, pelo custo-benefício. Acostumado a "tirar leite de pedra", o treinador não é apenas conhecido pelos memes. Também é competente e coleciona títulos. Já foi campeão da Fares Lopes, no Ceará, potiguar, campeão piauiense, maranhense... e paraibano, claro! Duas vezes, com o Campinense. Ambas superando o favoritismo do próprio Botafogo-PB.

Foi ainda vice-campeão da Copa do Nordeste pela Raposa, numa final contra o Santa Cruz em que os paraibanos eram favoritos.

Francisco Diá conquistou dois títulos paraibanos pelo Campinense, além de um vice da Copa do Nordeste — Foto: Silas Batista / GloboEsporte.com/pb 4 de 8 Francisco Diá conquistou dois títulos paraibanos pelo Campinense, além de um vice da Copa do Nordeste — Foto: Silas Batista / GloboEsporte.com/pb

Francisco Diá conquistou dois títulos paraibanos pelo Campinense, além de um vice da Copa do Nordeste — Foto: Silas Batista / GloboEsporte.com/pb

Pelo Botafogo-PB, onde iniciou a sua trajetória no futebol paraibano, conquistou a Copa Paraíba (sub-21) de 2010. Naquela oportunidade, o Belo vivia uma seca de títulos e não tinha calendário nacional. Aquele título valeu vaga na Copa do Brasil do ano seguinte.

O Botafogo-PB de hoje está mais estruturado, é verdade. Tem uma Série C para disputar e está entre os 60 maiores clubes do país — ou pelo menos, aqueles com calendário certo. Mas contratar Diá é, de certa forma, voltar ao passado. Aceitar que as dificuldades financeiras nortearão os investimentos.

Diá, no entanto, pode entregar mais do que o esperado. Ganhar o Paraibano, por exemplo, dará uma vaga direta na fase de grupos da Copa do Nordeste de 2024, além de na Copa do Brasil. As duas competições, combinadas, podem gerar uma receita de até R$ 2 milhões na próxima temporada.

Em 2022, Diá esteve no comando do Altos na disputa do Brasileirão da Série C — Foto: Arthur Ribeiro 5 de 8 Em 2022, Diá esteve no comando do Altos na disputa do Brasileirão da Série C — Foto: Arthur Ribeiro

Em 2022, Diá esteve no comando do Altos na disputa do Brasileirão da Série C — Foto: Arthur Ribeiro

De qualquer forma, o contrato com Francisco Diá vai até o final do estadual e uma nova mudança de rota não está descartada para o início da Série C em caso de insucesso no Paraibano. O que não parece passar pela cabeça do treinador. Na primeira entrevista como técnico botafoguense, Diá foi soltando as credenciais e lembrando 2010:

— A expectativa é muito grande de retornar aqui ao Botafogo-PB, onde, em 2010, a gente teve uma boa passagem. Naquela oportunidade, o Botafogo-PB não passava por um bom momento na Copa do Nordeste, e conseguimos dar a volta por cima, recuprar alguns jogadores e depois conseguimos o título da Copa Paraíba daquele ano.

Tiquinho Soares, hoje no Botafogo, foi jogador de Francisco Diá em sua primeira passagem pela Maravilha, em 2010 — Foto: Wellington Faustino / CSP 6 de 8 Tiquinho Soares, hoje no Botafogo, foi jogador de Francisco Diá em sua primeira passagem pela Maravilha, em 2010 — Foto: Wellington Faustino / CSP

Tiquinho Soares, hoje no Botafogo, foi jogador de Francisco Diá em sua primeira passagem pela Maravilha, em 2010 — Foto: Wellington Faustino / CSP

Quer mais? Pouca gente sabe, mas Tiquinho Soares estava naquele elenco e passou pelas mãos do treinador, hoje com 67 anos, que fala com orgulho do ex-pupilo.

— Revelamos alguns jogadores para o futebol brasileiro, como o próprio Tiquinho Soares, que hoje está no Botafogo (do Rio), esteve no Porto. A gente foi muito bem recebido naquela oportunidade e deixamos uma amizade muito boa aqui com todos que fazem o Botafogo-PB. O Botafogo-PB hoje tem uma estrutura que não deve nada a ninguém - completou.

Francisco Diá chegou no estilo de sempre. E já provocando risos. Pego de surpresa com o convite feito pelo Botafogo-PB, não demorou a aceitar o desafio. Também não fez segredos. Enquanto o clube fazia questão da discrição, ele já falava como treinador do Belo.

— Já está tudo praticamente acertado, mas eles [a diretoria] estão querendo fazer uma coletiva para anunciar oficialmente - disse para o ge.

Francisco Diá tem contrato até o fim do Campeonato Paraibano — Foto: Divulgação / Botafogo-PB 7 de 8 Francisco Diá tem contrato até o fim do Campeonato Paraibano — Foto: Divulgação / Botafogo-PB

Francisco Diá tem contrato até o fim do Campeonato Paraibano — Foto: Divulgação / Botafogo-PB

Isso era por volta do meio-dia da segunda-feira. A saída de Egert fora oficializada horas antes, mas o anúncio do novo treinador não acontecia. Seria numa coletiva, às 15 horas. Diá pediu um pouco mais de tempo - estava em Natal, fazendo um implante dentário e retocando a pintura do cabelo, algo que não abre mão há muitos anos.

Não era possível esperar mais. Por isso, pegou o carro em meio às tarefas da vida pessoal. Pouco mais de duas horas depois, desembarcava na Maravilha do Contorno - sem sorrir e com vestígios de tinta ainda fresca debaixo do boné do patrocinador. A coletiva fora cancelada - não necessariamente por estes motivos - e ficou para a terça-feira. No mesmo dia, no entanto, já comandou o primeiro treino e foi avisando aos jogadores: com ele, ninguém joga por nome; tem que trabalhar!

Francisco Diá comanda o primeiro treino na Maravilha do Contorno — Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB 8 de 8 Francisco Diá comanda o primeiro treino na Maravilha do Contorno — Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB

Francisco Diá comanda o primeiro treino na Maravilha do Contorno — Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB

Ao passar por Zominha, o eterno massagista do Belo, um abraço e uma frase de efeito (daquelas não publicáveis, por motivos óbvios). Gargalhada geral.

É o novo Botafogo-PB. Bem mais leve e afeito aos memes que virão com uma nova Era Diá. Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Uma coisa, no entanto, ninguém pode negar: está bem mais próximo do futebol-raiz.

O que você está lendo é [Os bastidores (e os memes) da chegada de Francisco Diá ao Botafogo-PB].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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