Paiva elogia torcida e volta a defender modelo de jogo no Bahia: "Mais benéfico que prejudicial"

Renato Paiva levou a melhor sobre João Burse no primeiro clássico disputado pelo Bahia. Na Arena Fonte Nova, pela quinta rodada do Campeonato Baiano, o técnico tricolor contou com gol do atacante Kayky ainda no primeiro tempo para vencer por 1 a 0 e encerrar uma sequência de dois jogos sem vencer.

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Na entrevista coletiva após a partida, Renato Paiva destacou o apoio da torcida, que fez um mosaico nesta tarde, e analisou o desempenho do time. O português defendeu o modelo de jogo da equipe na saída de bola, apesar de alguns problemas - no primeiro tempo, dois erros na saída de bola quase resultaram em gols de Rafinha e Tréllez.

- Primeiro de tudo, acho notável que, depois de dois resultados ruins, a gente teve o estádio lotado. É sinal de que eles acreditam, de que estão com a gente e de que estamos construindo um futebol notável, vibrante como eles. Percebo que, quando a bola vai para a defesa, tem um zum-zum, percebo que existe um medo. Hoje voltamos a errar, e o Vitória poderia ter feito o gol. No ataque, se, em outros jogos, erramos nas finalizações, hoje erramos no último passe. Fizemos um primeiro tempo muito bom, o Vitória praticamente não conseguiu jogar. Uma mentalidade competitiva muito forte, jogos assim também se ganham desta forma. O adversário, apesar dos resultados, tem estado muito bem. Foi um adversário competente. E, diante deles, conseguimos fazer um gol e não nos desorganizados lá atrás. Só nos lances de bola parada e nos erros de saída de bola.

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- Se, a partir de amanhã, eu só jogar com chutões para frente, a torcida vai dizer que não é futebol, e eu vou concordar. O erro nesta fase da temporada é normal, e a torcida precisa se preparar para isso. Acredito que esse tipo de jogo é mais benéfico que prejudicial. Ganhamos um clássico que não ganhávamos desde 2018. Aquele mosaico que diz que torcida ganha jogo é verdade. Essa vitória é também para eles - disse.

Renato Paiva acompanha aquecimento do Bahia na Fonte Nova antes do Ba-Vi — Foto: Gabrielle Gomes / ge 1 de 1 Renato Paiva acompanha aquecimento do Bahia na Fonte Nova antes do Ba-Vi — Foto: Gabrielle Gomes / ge

Renato Paiva acompanha aquecimento do Bahia na Fonte Nova antes do Ba-Vi — Foto: Gabrielle Gomes / ge

Pelo lado do Bahia, o clássico também foi marcado pelas chances de gols desperdiçadas pelo time, sobretudo no primeiro tempo. Renato Paiva reconheceu que as finalizações são o que mais o preocupam neste momento.

- O que não me preocupa é o critério ofensivo da equipe. O volume ofensivo da equipe. A forma como a equipe sabe ter a bola. E também quem está sem a bola, sabe o que fazer. Nos últimos jogos, não oferecemos muitas chances para o adversário. A equipe está compacta para atacar e pronta para recuperar a bola quando perde. Isso é o que não me preocupa. Depois, a parte de fazer o gol é o que está a nos preocupar neste momento. E vamos continuar a trabalhar. Isso é, muitas vezes, individual. São detalhes. Depois, é corrigir as coisas. Temos muitos jogadores jovens que se empolgam, hoje alguns brincaram no lugar errado, deram um toque a mais na bola, tentaram brilhar. E o que eu quero é o coletivo - completou.

O Bahia tem novo compromisso pelo Campeonato Baiano já na próxima quarta-feira, quando enfrenta o Barcelona de Ilhéus, no estádio Mário Pessoa, às 21h30 (horário de Brasília).

💥️Vai rodar equipe na próxima partida?
- Eu relembro que não é fácil fazer cinco jogos em 15 dias. A dupla de zagueiros tinha feito todos os jogos, Rezende também, a mesma coisa Borel. Estamos em início de temporada, mas isso não influencia na rotação do elenco. O que influencia é a sequência de jogos. Não vamos prejudicar o estado físico dos jogadores. A culpa não é nossa. É culpa do calendário. Se poupar jogador é errado, todos os treinadores do Brasil estão errados. Com esse calendário, não há outra forma. Não vou perder um jogador para um lesão muscular por causa de sobrecarga. O que vamos fazer é avaliações físicas e de rendimento para definir o time. Repito que vamos contratar, mas essas negociações são difíceis. O trabalho da direção é fantástico. Se perdemos jogos porque não acertamos o gol, mesmo criando mais. Não é culpa dos jogadores que estão aqui. E mais, não poupei jogadores por causa desse jogo. Não é verdade. Eu poupo jogadores em função do desgaste. Nada mais.

💥️Fez pedido especial para o segundo tempo?
- Mais calma é isso. Tranquilizar. Fazer o que treinamos. É isso que queremos. A gente ganha muito mais com essa saída de bola do que perdemos. E, no futuro, vamos ganhar muito mais com esse tipo de jogo. Eu não quero que meus volantes andem a olhar para o ar quando a bola sai do goleiro para o nove. Eu não quero meus jogadores olhando para o ar. Se eu der um chutão para cima, não sei se vou ter a bola. Eu quero ter a bola. Isso tem riscos? Claro. Mas, se não tentarmos, não vamos ter a bola. Temos que estar preparados para isso. Vai nos custar? Vai. Mas temos que decidir. Peço para a torcida sair do muro. Ou quer que o time tenha mais bola e jogue bonito, ou quer ir para o outro lado onde batemos tiro de meta e torcemos para ter sorte, sem critério. Eu vim para o contrário. E vou fazer meu trabalho.

💥️Falta muito para ter o time que você quer?
- É um defeito que temos todos. Eu também. Foi um Ba-Vi. Não foi um Bahia sozinho. Às vezes, só olhamos para um lado e não damos mérito para o outro lado. O Vitória sabe ter a bola e criar chances. No momento em que baixamos um pouco mais, o Vitória soube ter a bola. Mas repito, não criou chances de gol. É esse o jogo que eu quero? Não. Quero ter sempre a bola, mas isso é utópico. No futebol, não é possível. Por isso, quero que meu time saiba jogar e tenha a bola, mas quando for preciso defender em blocos, quero que saibam fazer isso também.

💥️Choque cultural
- Dá para viver com isso. Foi assim que cheguei aqui e vai ser assim que vou continuar. Cheguei aqui por esta ideia de jogo. É difícil, porque todos querem ganhar. Ninguém quer perder. Mas o torcedor vem para o estádio ver o time jogar, e não para ver o time correr atrás da bola. E quem pensa assim tem que estar pronto para perder também. A pressão existe, mas tem que ser em cima da função do jogo. Perdeu? Mas perdeu no detalhe, como foi contra o Sampaio Corrêa. Eu também vivo para ganhar, mas ganhar todas é impossível. Temos um caminho, uma estratégia. Sabemos o que queremos e como queremos. Quero que o torcedor sinta orgulho desta equipe, por isso digo que eles são campeões de vibração. Não vamos ganhar sempre. Nem eu, nem o Guardiola, nem ninguém. Por isso me preocupo com as formas. Às vezes ganhar sem jogar nada me deixa triste. Triste porque me preocupo com o processo.

💥️Rezende em nova função
- Foi (um pedido meu). Exatamente por isso. Quero ele pisando na área. Não quero jogadores estáticos. Tínhamos dois jogadores defensivos, o Rezende e o Acevedo, mas eles também precisam atacar. Quero laterais chegando para fazer gols. Quero essas dinâmicas.

💥️O time correspondeu hoje?
- Sim. Na primeira parte, totalmente. A nível defensivo, a não ser erros de construção e individuais, não deixamos o adversário criar chances. A nível coletivo estamos muito bem. Hoje nos faltou o último passe para nos aproximarmos de mais gols. Para o tempo de trabalho, para os jogadores que chegaram, estou muito satisfeito pelo que estamos a fazer. O caminho é longo, mas neste momento estou muito satisfeito.

💥️Treinadores portugueses e leitura atual
- Acho que a competência não tem bandeira nem nacionalidade. Há treinadores espanhóis muito bons, portugueses e brasileiros. Acho que há um trabalho muito bom que o Jesus fez e o que Abel está a fazer. Tenho consciência que estou a ocupar o lugar de um colega brasileiro, por isso me sinto mais pressionado para fazer um bom trabalho. Na minha vida me habituei a ouvir muito treinadores brasileiros e perceber como foi bom tudo que o Brasil deu ao futebol português. Isso sem falar dos jogadores daqui que lá estiveram. Eles foram muito benéficos para o futebol português, e agora queremos fazer o mesmo. Queremos ser benéficos para o futebol brasileiro. É uma questão de escolha. Escolhi estar neste projeto, e enquanto aqui estivermos posso prometer um trabalho muito profissional e uma equipe que orgulhe a torcida. Quanto a este livro, um almanaque sobre o Bahia. Sobre jogadores, sobre quem dirigiu, sobre a história. Nós, eu e minha equipe técnica queremos estar em páginas como essas no futuro do Bahia.

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