Pedro Caixinha aproveita porta aberta pelo amigo Mourinho e mira títulos no Bragantino

Quinta-feira, 26 de janeiro de 2023. O técnico português Pedro Caixinha, do Red Bull Bragantino, vê a data e envia uma mensagem para José Mourinho, comandante da Roma-ITA.

No texto, felicita o treinador pelos 60 anos completados, mas também o parabeniza por se manter em alto nível no futebol mundial e o agradece pelo que fez pelos técnicos portugueses.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 1 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Pedro Caixinha, de 52 anos, é grato a José Mourinho. A primeira oportunidade para treinar um time profissional em Portugal surgiu ao ser indicado ao União Leiria por Mourinho. Além disso, Caixinha acredita que Mourinho, depois do técnico Carlos Queiroz (ex-Real Madrid e seleção portuguesa), abriu portas para os treinadores portugueses.

Com mais portas abertas, os técnicos de Portugal ganharam espaço. Pedro Caixinha já trabalhou em sete países, além de Portugal: Romênia (assistente), Grécia (assistente), Arábia Saudita, Catar, México e Argentina. O Brasil agora entra nessa lista. Entre os 20 clubes da Série A do Brasileirão 2023, sete estão sob o comando de um português.

Caixinha desembarcou no Brasil em dezembro do ano passado para comandar o Bragantino. O treinador destaca que há bons técnicos em todas as nacionalidades, mas trabalha para que as portas que foram abertas no passado se mantenham abertas.

– Essa porta de entrada, para hoje estar nessa expressão, foi porque outros chegaram aqui e mostraram que tinham essa capacidade de trabalho. Mas nós agora que entramos, que nos deram essa possibilidade, temos que também fazer o mesmo. Existem muitos treinadores portugueses espalhados pelo mundo, espalhados por diferentes lugares, por diferentes contextos competitivos. Primeiro nível, segundo nível, terceiro nível... Mas todos eles têm feito para poder também deixar muito em alta aquilo que é o bom nome do treinador português – afirmou.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 2 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

No mesmo dia em que mandou a mensagem para José Mourinho, Pedro Caixinha concedeu uma entrevista exclusiva ao ge. Durante a conversa de 40 minutos, o treinador demonstrou que está focado em ter sucesso com o Bragantino e, consequentemente, ter uma boa passagem pelo Brasil. Em diversas respostas, destacou o interesse em ajudar o crescimento do projeto do Massa Bruta e alcançar os objetivos da equipe ao longo dos dois anos de contrato com o clube.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino, em entrevista ao ge — Foto: Vinicios Oliveira/Red Bull Bragantino 3 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino, em entrevista ao ge — Foto: Vinicios Oliveira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino, em entrevista ao ge — Foto: Vinicios Oliveira/Red Bull Bragantino

No bate-papo, Pedro Caixinha também relembrou a infância em Beja, a carreira como goleiro, as passagens por clubes de diversos países como treinador, as referências na profissão, as impressões do futebol brasileiro e os planos com o Bragantino. Conheça mais o treinador abaixo:

💥️ge: Quem é Pedro Caixinha?

💥️Pedro Caixinha: – Vejo-me como uma pessoa muito dedicada ao que é minha causa, ao que é minha profissão. Muito dedicada ao compromisso desde o primeiro momento que foi assumido com o clube, com o projeto. E a minha dedicação é total. Gosto, realmente, de vestir a camisa, ter uma dedicação total. Basicamente, sou uma pessoa de trabalho e uma pessoa de família. É o que gosto de fazer. Sinto-me feliz em trabalhar e me sinto feliz quando tenho tempo para desfrutar a família e com os amigos.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 4 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Treinadores portugueses no Brasil

– Penso e acredito que há muito bons treinadores em todo o mundo. Há muito bons treinadores de todas as nacionalidades. E há muito bons treinadores que têm, obviamente, visões, metodologias, formas de chegar à vitória, também todas elas diferentes. É verdade que o futebol, tal como o mundo em geral, às vezes vai de moda: “Ah, é português?". Então, existem bons treinadores. Há que ressaltar que essa porta de entrada, para hoje estar nessa expressão, foi porque outros chegaram aqui e mostraram que tinham essa capacidade de trabalho. Mas nós agora que entramos, que nos deram essa possibilidade, temos que também fazer o mesmo. Existem muitos treinadores portugueses espalhados pelo mundo, espalhados por diferentes latitudes, por diferentes contextos competitivos. Primeiro nível, segundo nível, terceiro nível... Mas todos eles têm feito para poder também deixar muito em alta aquilo que é o bom nome do treinador português.

– Se eu diria que os treinadores portugueses estão muito bem preparados, que eles se preparam muito bem, eu acredito que sim. Penso que é transversal. A grande maioria dos treinadores portugueses. Só isso nos permite chegar a qualquer canto do mundo e ter sucesso? Não, claro que não. Nossa adaptação, nosso conhecimento, a capacidade de relacionamento, a capacidade de comunicação, a capacidade do entendimento do futebol onde vamos, que em termos geográficos é diferente. Mas são situações circunstanciais. Temos capacidade, sim. Estamos preparados, sim. Que há muitos bons treinadores em todos os lados, claramente que sim também.

💥️Como vê os companheiros de nacionalidade que estão no Brasil? Já conversou com eles?

– Não conversei. Com quem eu tinha mais contato era o Luís Castro (Botafogo), por variadas situações. Era quem eu tinha contato mais próximo. Com o Vítor (Pereira, do Flamengo), ano passado conversei algumas vezes com ele porque poderíamos, não só coincidir na Libertadores, mas também porque iríamos enfrentar o Boca Juniors e entramos em contato para poder analisar melhor as situações. Com o Abel, não tenho tido muito contato. Tenho mais contato com auxiliares, porque estiveram nos dois últimos mundiais de clubes. Curiosamente, enfrentaram equipes mexicanas. Equipes mexicanas que nós conhecíamos e tínhamos essa análise, avaliação e compartilhamos com eles. Todo o resto, eu conheço, mas não tenho tido muito contato direto.

Abel Ferreira com medalha de campeão brasileiro no Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli 5 de 14 Abel Ferreira com medalha de campeão brasileiro no Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

Abel Ferreira com medalha de campeão brasileiro no Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

💥️O que espera desta experiência no futebol brasileiro?

– Nós não aceitamos o projeto para poder vir trabalhar no futebol brasileiro. Nós aceitamos o projeto para vir trabalhar para o Red Bull Bragantino. Penso que são situações diferentes. Eu não conheço, obviamente, a realidade do futebol brasileiro na sua globalidade. Vamos conhecendo com o passar das semanas, vamos enfrentar cada um dos adversários, vamos conhecer melhor cada uma das competições. Ouve-se muitas coisas e para nós isso não é preocupação. Não estamos aqui para mudar o futebol brasileiro. Estamos aqui, sim, para juntar aquilo que é a visão que o Red Bull tem e, juntos, poder continuar crescendo. Isso que nos trouxe aqui. Conhecer o futebol brasileiro e onde estamos inseridos vai ser, obviamente, fundamental. Somos parte integrante deste futebol, mas estamos muito mais preocupados em fazer crescer este projeto dia a dia do que conhecer o futebol brasileiro na sua totalidade.

– Na nossa definição de objetivos, tem que entrar dentro daquilo que é o panorama global, não só do futebol brasileiro, mas dentro daquilo que é o panorama global das quatro competições que estamos inseridos. Estamos tendo o primeiro conhecimento do Paulistão. Não conhecíamos e é, de fato, uma competição exigente por diferentes circunstâncias. Uma competição, que certamente, vai exigir de nós. Uma competição que vai permitir, por ser a primeira, que possamos estar desde já em trabalhar em algo que é muito importante para esta instituição, que é uma mentalidade ganhadora. Podermos colocar em campo aquilo que são os nossos princípios, os nossos comportamentos, a nossa identidade, que é a nossa intensidade, mas também muito daquilo que é nossa mentalidade vencedora.

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 6 de 14 Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Primeiras impressões do futebol brasileiro

– Deu para comprovar aquilo que nós já conhecíamos a nível mundial, que é a capacidade técnica que os jogadores têm. Temos a encontrar jogos muito intensos. Penso que também tem a ver com o diferente nível de preparação que as equipes possam ter. Equipes com cinco, seis, sete semanas. Outras, que começaram com duas, três semanas, que agora vão somando com treinos, com ritmo de jogo, que é fundamental para que o jogo seja mais intenso. Mas vejo também equipes que têm as suas ideias de jogo. Não conseguimos ainda analisar as 12 equipes que vamos ter na fase regular (do Paulistão). Estamos analisando uma a uma, ou pelo menos duas ao mesmo tempo, porque o tempo é muito curto. Eu gosto muito de participar nessa análise.

– É passo a passo que vamos conhecendo toda a realidade do futebol brasileiro, a realidade das competições que estamos inseridos, até porque todas elas têm formato, mais ou menos, diferentes. Não quer dizer que as equipes que agora façam parte, venham fazer parte da Série A, que tenham inclusive o mesmo elenco. Há pouco estava com o Thiago (Scuro) e falamos sobre a janela, que vai até quase o início de abril. Então, acredito que também possam haver muitas mudanças nos elencos. Então, estamos a familiarizarmos com todas essas dinâmicas para conhecer mais a realidade e como tudo funciona.

Pedro Caixinha, técnico do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 7 de 14 Pedro Caixinha, técnico do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Pedro Caixinha, técnico do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Planos para o Bragantino

– Em termos de definição de objetivos, nós definimos os objetivos da temporada desde o início. Temos que ser uma equipe que tem a ambição, a determinação de sonhar sempre alto. Penso que, apesar deste ser o quinto ano do Red Bull Bragantino como projeto, penso que o ano de 20/21 é o ano que temos que ter de referência. A equipe terminou no G-6 (do Brasileiro), chegou à final da Sul-Americana e andou sempre muito bem naquilo que era o Paulista, na Copa do Brasil. Isso que nós queremos. Queremos uma equipe que esteja sempre em um nível elevado de rendimento em todas as competições. Não há prioridade a uma em relação a outra. Queremos ter essa capacidade de competir. Então, o ano de 2023 está aí como referência. Se quisermos o Paulista, temos o ano de 1990 como referência, porque foi o ano que se ganhou. Por que não sonhar e não pensar nisso?

– O formato da Copa do Brasil, apesar de termos que começar este ano desde o início, é um formato eliminatório. Uma competição que temos que gostar dela pelo formato. É uma competição que penso que todos que participam tem que sonhar ganhá-la. A Sul-Americana, já estivemos em uma final. É uma competição também muito intensa e muito competitiva. Neste ano, há uma alteração. Só se classifica o primeiro. O segundo (do grupo), vai fazer um playoff contra os que baixam da Libertadores. Ou seja, é um formato ligeiramente diferente para se passar para o mata-mata. E poder estar neste campeonato (Brasileiro) tão competitivo, com quatro equipes que regressam (da Série B para a Série A) penso que são equipes gigantescas, com uma história muito grande, vem dar ainda um caráter mais competitivo ao Brasileirão. A ideia é andar sempre lá nos G’s da frente. Se não é possível no G-4, vai o G-6. Se não é possível o G-6, o G-8. Mas, pelo menos, do G-8 para cima apontar para ir para essas qualificações.

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 8 de 14 Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Infância com futebol, handebol, basquete e até hóquei sobre patins

– Meu pai foi jogador de futebol. Não jogou a nível profissional, embora tenha tido alguns contatos e algumas possibilidades de jogar profissionalmente. Ele era lateral-esquerdo. Para contextualizar, sou de uma cidade do interior. Como Bragança é do interior de São Paulo, sou de Beja, do interior do Baixo Alentejo. Se hoje em dia, que tenho 52 anos, era uma região que estava sempre em segundo plano. Há 50 anos atrás, muito mais em segundo plano. Estávamos no Portugal profundo, apesar de estar a 1h30 de Lisboa. Estávamos no Alentejo profundo, como chamamos.

– Desde novo, tive muita disposição para esportes. O esporte sempre fez parte da minha vida. Hoje, no dia a dia, faço muita atividade. É minha droga para meu equilíbrio, meu bem-estar. Faz parte das minhas atividades diárias. Sensivelmente, aos 14 anos, lembro de ir ao vestiário no intervalo daqueles jogos, sentir o vestiário, sentir aquele cheiro das balsamas... São coisas que ficam. O chazinho de limão no intervalo dos jogos de inverno, quando estava muito frio. Lembro perfeitamente disso, de estar com meu pai e as bolas. São ideias que tenho do meu pai quando jogava futebol. Ir aos treinos, aos jogos, algumas viagens, ver a equipe jogar fora. Mas eu sempre fui muito ativo. Desde muito jovem, praticava várias modalidades. Pratiquei handebol, basquete, vôlei, futebol e hóquei em patins. Até os 14 anos, tinha duas atividades, conseguia conciliar as duas. A partir dos 14, não pude conciliar as duas e optei pelo futebol.

Pedro Caixinha, treinador do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 9 de 14 Pedro Caixinha, treinador do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Pedro Caixinha, treinador do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Carreira como jogador

– Segui uma carreira acadêmica, começando mais ou menos nessa altura. Cheguei a jogar sempre ao nível nacional, os iniciados, que é o sub-14, sub-17 e sub-19. No sub-19, fui para o Portimonense. Terminei a temporada como terceiro goleiro. Era pequenino, mas esforçado. Na altura, também não havia uma necessidade de ter essa envergadura. Eram bem mais pequenos.

– Tinha o sonho, a ambição de qualquer futebolista que quer ser profissional de futebol. Eu tinha este sonho e trabalhava por este sonho. Quando já estava a fazer parte desta equipe, tivemos uma excursão à Bélgica. No retorno, eu fiquei em casa. Quando fui me apresentar no ano seguinte, o que foi escolhido não era eu, o titular, mas o suplente da equipe juniores. Comecei a pensar um pouco, não gostei muito, não gosto de injustiças. Gosto muito da meritocracia, defendo muito o trabalho, o esforço, a dedicação. Tenho esses princípios, esses valores. Disse: “ok. Não tem problema nenhum. Segue a sua vida, vai estudar”.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 10 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Estudos para técnico

– Comecei a estudar o secundário à noite. Entrei para a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na licenciatura de educação física e esportes. Terminei muito bem a licenciatura, consegui ganhar essa vocação pelo estudo do esporte, pelo estudo do jogo. Optei pelo futebol. Comecei a treinar o sub-14 do time da minha cidade. Sub-17, sub-19, no campeonato nacional. No sub-17, já treinava o time profissional também. Depois, fui para o mestrado. No mestrado, conheci pessoas nos centros de treinamento, comecei a estar mais próximo. Tive a oportunidade de fazer o estágio do mestrado na parte prática com o Sporting, a equipe júnior do Sporting. Fiz a apresentação da tese. A partir daí, abriram mais portas para mim. Comecei a trabalhar com o José Peseiro já como assistente, como auxiliar da primeira equipe do Sporting Club de Portugal. Antes por aí, em 2003, 2004, comecei a trabalhar com o até então selecionar Fernando Sanches, agora é o selecionador da Polônia. Recentemente, fez essa transição. Acompanhei o José Peseiro ao longo de cinco, seis temporadas.

💥️Relação com José Mourinho

– Minha relação com o Mourinho começou quando eu estava no Sporting. Meu treinador, o José Peseiro, eles foram colegas de percurso. Eu tinha nessa altura a missão de analisar melhor os adversários. À época, não tínhamos as ferramentas que existem hoje em dia. Sem as ferramentas de hoje em dia, tínhamos que viajar muito. Isso me fez conhecer o José Mourinho. Primeiro, em Setúbal. Lembro que ele estava no Chelsea nesta altura, e coincidiu de ficarmos no mesmo camarote. Tivemos a oportunidade de nos apresentar. Depois, mais profundamente, quando ele estava no Inter de Milão, em 2010. Nós estávamos na seleção da Arábia e, em uma pré-temporada na Áustria, o Inter de Milão jogava contra a seleção do Bahrein. Tínhamos um playoff contra a seleção do Bahrein e fui analisar a equipe. A partir daí, ficamos muito mais próximos. Essa proximidade me levou a muito mais contato, para falar sobre treino, preparação de jogos, análise de adversários, trocar ideias, trocar experiências. Essa possibilidade é riquíssima de poder ter essa abertura com o José Mourinho, uma pessoa tão grande a nível mundial.

José Mourinho, técnico da Roma — Foto: Getty Images 11 de 14 José Mourinho, técnico da Roma — Foto: Getty Images

José Mourinho, técnico da Roma — Foto: Getty Images

– Quando saí da seleção da Arábia, como auxiliar, eu estava sem clube. Deu-se a curiosidade que, uma semana depois, quando regressei a Portugal, o treinador do União Leiria, que foi onde o José Mourinho começou, saiu. O Lito Vidigal. O presidente, João Bartolomeu, tinha uma grande relação com o José Mourinho. Ligou ao José Mourinho, e o Mourinho me indicou.

– A última vez que falei com ele foi hoje. Mandei uma mensagem para felicitá-lo pelo seu aniversário e também por tanto tempo que se mantém neste alto nível, em tantos anos ligados ao futebol, e abrindo muito para nós o que eu diria que foi a segunda porta para os treinadores portugueses. A primeira, indiscutivelmente, foi o treinador Carlos Queiroz, porque aquilo que era a possibilidade de alguém que não tinha uma carreira como jogador chegar e ser treinador principal era muito questionado. Nós tivemos que nos preparar muito, mas muito mesmo. E quem nos abriu a porta em termos daquilo que é ligar as universidades, a academia e trazer o conhecimento para os clubes, foi o professor Carlos Queiroz em um primeiro momento, em termos daquilo que é criação da opção de futebol nas universidades, onde nos permite a começar a trabalhar como treinadores nas universidades.

José Mourinho na conquista da Liga dos Campeões com o Porto — Foto: Reprodução 12 de 14 José Mourinho na conquista da Liga dos Campeões com o Porto — Foto: Reprodução

José Mourinho na conquista da Liga dos Campeões com o Porto — Foto: Reprodução

– O José Mourinho foi a expressão máxima da entrada desse conhecimento. Ou seja, daquilo que depois passa a ser o treino integrado com o Carlos Queiroz, a passar a ser a periodização tática, o treino com muito mais especificidade, aquilo que é ideia de jogo, a falar sobre modelos de jogo, aquilo que falo sobre os comportamentos que a equipe tem que ter, as ideias, as filosofias. Nessa dinâmica, obviamente, foram duas portas de entrada. Primeiro, o Carlos Queiroz. Depois, o José Mourinho, que ainda hoje a esse nível de rendimento.

– Não é um contato tão regular. De vez em quando, pode ser mantido esse contato. A última vez que o vi pessoalmente foi quando ainda estava em Portugal, antes de vir para cá, porque viajei para Sevilla e fui ver o Bétis contra a Roma. Daí coincidimos de ficar no mesmo hotel.

💥️Referências como treinador

– Eu gosto muito de aprender com todos, gerar o meu próprio conhecimento e gosto muito de sempre questionar meu próprio conhecimento. Aquilo que procuro em cada um dos projetos é ter, em primeiro lugar, aquilo que é uma partilha, uma divisão, entre aquilo que o clube quer, o que procura, o que o clube tem como referência, o que o clube tem como visão e o que tem como filosofia. Saber, claramente, se estamos ou não nessa linha direta. Isso, para mim, já é meio caminho andado. Em um clube em que estamos, com um grupo em que estamos, entra aqui uma terceira parte que é fundamental: os jogadores. O clube tem um perfil, uma visão muito clara. Quando consegue, tem uma relação direta com o treinador, porque já vem na direção dessas ideias. E tem os jogadores, que são escolhidos criteriosamente para fazer parte deste triângulo. Então, temos que estar totalmente satisfeitos. A partir daí, é definir o que é o nosso plano de trabalho.

– Para mim, nosso plano de trabalho começa daquilo que é a definição clara dos comportamentos. Quais são os nossos comportamentos quando a equipe tem a bola? Quais são os nossos comportamentos quando o adversário recupera a bola? Quais são os nossos comportamentos quando o adversário tem a bola? E quais são os nossos comportamentos quando a equipe recuperar a bola? Se juntarmos a isso as situações de bola parada, que até não sou eu, sou eu que mais ou menos define os princípios gerais, mas que são os nossos auxiliares. Então, ali já temos toda a mecânica de trabalho. Isso foi muito fácil de criar aqui.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 13 de 14 Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

– Nós começamos a trabalhar aqui antes de chegar no primeiro dia. Tudo começou em Salzburg. Quer dizer, tiveram umas prévias, pois havia um processo de seleção. Depois de termos claro que era esse caminho que faríamos juntos, uma visita à casa mãe foi fundamental para bebermos essa ideia e estarmos ainda mais convencidos dessas ideias. A visita em Bragança para conhecer todas as instalações, conhecer as pessoas e passar três semanas preparando tudo à distância. E chegar aqui no primeiro dia com tudo já organizado, planejado e já nesse caminho. Estamos praticamente acabando aquilo que é a quarta semana, e parece que estamos aqui há tanto tempo.

💥️Rodagem por países: gosta de conhecer estilos ou busca por um lugar ideal?

– Praticamente, em todos fui feliz. O que nós procuramos é estar feliz, ser feliz. Se possível, estar sempre junto dos nossos. Na verdade, o que mais me custa é sempre ter que estar mudando constantemente, estar um pouco afastado da família. O que procuro é esta identificação. Quando tem essa identificação, aprendi também a viver o aqui e agora. Quero viver o aqui e agora. Vivi isso durante três anos, que foi o período mais longo que tive. Gosto de processos longos, de projetos. É o que me identifico. Alguns, foi possível prolongar mais. Em outros, por uma série de circunstâncias, não. Aprendemos em todos eles. Mas o que quero aqui é viver o aqui e agora. O nosso contrato é de dois anos, mas queremos viver o aqui e agora. Viver cada dia, cada treino, cada jogo. Mas identificando com o projeto. A nosso ideia, um pouco mais além, é poder prolongar por um tempo. Mas é viver o aqui e agora. Estamos muito identificados, estamos muito contentes em estar aqui e fazer parte deste projeto.

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino 14 de 14 Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Técnico Pedro Caixinha em treino do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

💥️Mensagem para o torcedor do Bragantino e torcedor brasileiro

– Aquilo que mais me dá gosto é ver a equipe crescer jogo a jogo, em termos daquilo que são os nossos comportamentos. Para que nós, os jogadores e a nossa torcida, o nosso clube, o nosso grupo e, depois também, o futebol brasileiro, possa reconhecer aquilo que é a identidade e os comportamentos que nós temos e queremos para a nossa equipe. Isso é aquilo que não se pode encher mais de orgulho. É sinal que estamos a trabalhar na direção certa. Sinal que o grupo de jogadores está convencido que esses são os comportamentos. E é sinal que, entre aquilo que é a visão e a filosofia do clube, a nossa própria visão e a visão dos jogadores, estão a caminhar juntas em termos daquilo que é um objetivo em comum.

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