Pelé inédito! Roupeiro do Cosmos guarda mais de mil fotos raras e última bola oficial usada pelo Rei; assista

Charles Martinelli recebeu a equipe de reportagem do Esporte Espetacular, da TV Globo, ainda abalado pela morte do Rei do Futebol. Se para o mundo inteiro, 💥️Pelé era um ídolo, uma lenda, para Charles e sua esposa Terry, o maior jogador de futebol da história representava humanidade em carne e osso.

Charles foi roupeiro e massagista do NY Cosmos durante toda a década de 70 e construiu uma íntima relação com Pelé, em uma conexão que variava entre a idolatria e a amizade. Tanto que logo após o anúncio da equipe americana sobre contratação do Rei do Futebol, Charles comprou uma máquina fotográfica pensando nos registros diários que faria da maior lenda do esporte. De foto em foto, dia a dia, ano a ano, Martinelli soma hoje mais de 1600 fotos em casa, sem contar objetos que valeriam centenas de milhares de dólares em leilões de colecionadores, como a última bola usada por Pelé em um jogo profissional. Assim, sendo, a casa de Charles, na cidadezinha de Tomkins Cove, no norte do estado de Nova York, ganhou ares de santuário. Pelé atuou no Cosmos entre 1975 e 1977, período em que foi acompanhado e clicado de perto por Martinelli.

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O roupeiro de um time de futebol tradicionalmente carrega consigo um acúmulo de outras funções como também massagista e guardião do vestiário, responsável por todos os equipamentos de treino e jogo como bolas, coletes, cones, ataduras, toalhas e etc. Foi assim que Charles conseguiu pegar a bola que Pelé chutou para fazer o gol em seu icônico jogo de despedida, em 1977, na partida Cosmos x Santos, no Giants Stadium.

Charles guarda o uniforme completo que Pelé usou no primeiro tempo de sua última partida oficial como atleta — Foto: Camilo Pinheiro Machado 1 de 5 Charles guarda o uniforme completo que Pelé usou no primeiro tempo de sua última partida oficial como atleta — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Charles guarda o uniforme completo que Pelé usou no primeiro tempo de sua última partida oficial como atleta — Foto: Camilo Pinheiro Machado

- Sempre davam três bolas para o árbitro antes do jogo. E além da bola em jogo, as outras duas bolas ficavam com os gandulas nas laterais do campo. Quando essa bola entrou no gol depois do chute do Pelé, eu entrei no gol, busquei a bola da rede e devolvi outra bola para eles. Essa foi a bola do último gol de Pelé.

Natural que o responsável pela distribuição das camisas ficasse com uma das últimas de Pelé. Charles guarda com carinho o uniforme completo do eterno Camisa 10 usado em seu último jogo oficial, NY Cosmos x Seatle Sounders, em Portland. Foi também o último título da super vitoriosa carreira do Rei.

- Em muitos jogos trocávamos os uniformes nos intervalos, principalmente quando estava chovendo. Pelé em 95 por cento das partidas pedia a segunda camisa. Steve Ross, um dos diretores do Cosmos, me disse quando Pelé veio ao Cosmos que desse pra ele exatamente tudo que pedisse. Quando o primeiro tempo terminou, peguei a camisa dele e já coloquei dentro da minha bolsa. E ele seguiu com o mesmo calção e mesmas meias e tive a sorte de pegá-las no fim do jogo porque o vestiário estava um caos com Pelé encerrando a carreira de forma vitoriosa.

Charles começou uma espécie de museu com fotos e objetos do Pelé em sua casa há 45 anos — Foto: Camilo Pinheiro Machado 2 de 5 Charles começou uma espécie de museu com fotos e objetos do Pelé em sua casa há 45 anos — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Charles começou uma espécie de museu com fotos e objetos do Pelé em sua casa há 45 anos — Foto: Camilo Pinheiro Machado

O então roupeiro trabalhava com o Pelé, mas convivia sobretudo com Edson Arantes do Nascimento. O conhecido ritual do Rei antes das partidas tinha a preparação de Charles. Antes dos gols, a soneca do Rei servia como um abastecimento de energia. O silêncio que precedia o barulho do show.

- Em diversas vezes o Pelé chegava no vestiário, se despia e ficava só com um shortinho e antes de colocar o uniforme eu já tinha separado uma caminha formada com toalhas, e uma das toalhas funcionava como travesseiro. Ele deitava, eu o cobria e ele tirava uma soneca. e eu o acordava instantes antes da chegada dos outros jogadores ao vestiário para jogar a partida daquele dia. Infelizmente, Pelé nunca tinha tanto tempo pra dormir, porque sempre havia alguém pra pedir que desse autógrafos em artigos do Cosmos. "Assine isso aqui, assine isso aqui também" Sem contar as entrevistas, as viagens. Ele era sempre obcecado em fazer coisas para os outros.

Fotos raras de Pelé — Foto: Camilo Pinheiro Machado 3 de 5 Fotos raras de Pelé — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Fotos raras de Pelé — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Pelé, astro maior da história do futebol, não era o único craque que brilhava com a camisa do Cosmos na época. O zagueiro alemão Franz Beckenbauer e o lateral direito Carlos Alberto Torres - o "capita" do tri - também compunham um vestiário de ótimos jogadores.

Para que as principais estrelas tivessem certa privacidade depois dos jogos, Charles revelou que preparava uma área reservada a Pelé, Beckenbauer e Torres.

- Eles três se sentiam tão livres nesse espaço do vestiário que falavam sobre qualquer assunto e eu jamais interferia, até porque aquela não era minha função. Minha missão era deixá-los confortáveis e se sentindo em casa, sem maiores obrigações com ninguém naquele momento. Eles tiravam um tempinho ali, 40 minutos, até uma hora. Eles até bebiam, tomavam café, às vezes uma cerveja, um chá, Carlos Alberto até gostava de fumar seu cigarro, e digo que Pelé e Beckenbauer nunca fumavam. Ele lá relaxavam, longe dos jornalistas e do público. Aquele canto do vestiário era deles.

Charles Martinelli e sua esposa Terry Martinelli contam histórias de Pelé no Cosmos — Foto: Camilo Pinheiro Machado 4 de 5 Charles Martinelli e sua esposa Terry Martinelli contam histórias de Pelé no Cosmos — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Charles Martinelli e sua esposa Terry Martinelli contam histórias de Pelé no Cosmos — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Charles cuidava das camisas do Cosmos e quem as bordava, uma a uma, era sua esposa Terry Martinelli. Nomes, números e escudo do Cosmos eram desenhados pelas mãos da senhora Martinelli. Passado um mês da morte de Pelé, Terry lembra mais da simpatia e dos gestos do Rei do que de seus gols e títulos.

- O Pelé era um dos meus preferidos porque ele tem um nome bonito e curto, fácil. Eu tinha que medir o tamanho de cada camisa, bordar o escudo, o número atrás e tinha que calcular o tamanho de cada nome. E claro que outros jogadores fora o Pelé tinham nomes muito grandes, longos! E com Pelé era mais simples com aquele nome legal e bem curto na camisa. Ele era muito grato a mim e me dava presentes. Como algúem que o conheceu, posso dizer que era um homem maravilhoso, gentil. Minha imagem dele era de alguém assinando muitos autógrafos e reunindo muitas pessoas em torno, principalmente quando jogava. Quando eu olhava essa cena, pensava: Mais pessoas deveriam ser como Pelé e tratar bem a todos em tantas diferentes maneiras - contou Terry Martinelli.

Charles mostra a bola do último jogo de Pelé, Santos x Cosmos em 1977 — Foto: Camilo Pinheiro Machado 5 de 5 Charles mostra a bola do último jogo de Pelé, Santos x Cosmos em 1977 — Foto: Camilo Pinheiro Machado

Charles mostra a bola do último jogo de Pelé, Santos x Cosmos em 1977 — Foto: Camilo Pinheiro Machado

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