Análise: Santos empilha erros e se mostra fraco psicologicamente para reagir

O Santos perdeu mais um clássico no Campeonato Paulista. No Morumbi, até começou bem, mas simplesmente desmontou técnica e psicologicamente depois de sofrer o primeiro gol do São Paulo, em mais um lance de bola aérea – contra o Palmeiras, dois gols já tinham sido assim. No fim, 3 a 1 para o rival neste domingo – exatamente como havia sido há uma semana, no outro clássico.

Hoje, não vamos falar de tática, de escolhas do técnico Odair Hellmann ou de como o campo encharcado do Morumbi atrapalhou o Santos (mas era ruim para os dois times, vale pontuar). Hoje, vamos falar da fragilidade emocional e de como este time do Peixe consegue repetir erros e não tem quase força alguma para reagir nas adversidades.

O Santos começou bem o clássico contra o São Paulo. Pouco antes de levar o primeiro gol, inclusive, puxava com Mendoza um ótimo contra-ataque pela esquerda. Dodi e Camacho, no meio de campo, pressionavam bem os meias tricolores, enquanto Lucas Braga marcava as subidas do lateral Wellington.

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1 de 2 Lucas Pires expulso em São Paulo x Santos — Foto: Marcello Zambrana/AGIF

Lucas Pires expulso em São Paulo x Santos — Foto: Marcello Zambrana/AGIF

Àquela altura, o Santos parecia diferente. Parecia que, desta vez, conseguiria ser superior e vencer um rival. Mas durou pouco.

Num intervalo de oito minutos, o Santos levou dois gols em jogadas de bola parada, teve um jogador expulso e, aos 24 minutos do primeiro tempo do clássico (!), já era dado como derrotado. Como é possível que isso aconteça com tanta frequência? Como uma equipe consegue acumular tantos erros de decisão, de posicionamento?

Há uma semana, no mesmo Morumbi, o Santos também foi derrotado pelo Palmeiras somente em um tempo do clássico. Na ocasião, o Peixe foi para o intervalo perdendo por 2 a 0, e quem seria o maluco que confiaria numa virada santista?

Este Santos é fraco psicologicamente. O time não demonstra ter força mental para evoluir, corrigir erros e superar desafios maiores do que vencer adversários mais fracos. Nos dois únicos jogos desta temporada contra times que disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro, o Peixe foi engolido técnica e mentalmente. A quantidade de decisões erradas vistas a olho nu chamam atenção.

É jogador que coloca a mão na bola debaixo da trave e reclama de expulsão; é jogador que faz falta para parar contra-ataque quando o companheiro já interrompeu o lance; é jogador que não marca o artilheiro e mais perigoso atleta adversário...

Não é só uma questão tática. Contra o São Paulo, por exemplo, o Santos começou bem. Taticamente, dava sinais de que conseguiria se igualar ao rival – que tinha 13 jogadores com lesões. Depois do primeiro gol, num erro frequente há pelo menos dois anos, o Peixe desmoronou. É como se todo o passado caísse sobre as costas dos jogadores, que não têm poder de reação.

Na entrevista coletiva depois do clássico, Odair Hellmann destacou a força dos atletas para não sofrerem uma goleada, mesmo com dois a menos no segundo tempo. Na saída do gramado, o treinador esperou todos para cumprimentá-los, como uma forma de consolo. O técnico sabe: não pode "bater" ainda mais neste elenco.

2 de 2 Odair Hellmann em São Paulo x Santos — Foto: Marcos Ribolli

Odair Hellmann em São Paulo x Santos — Foto: Marcos Ribolli

O Santos dá sinais, dia após dia, que não tem força para superar adversidades "surpresas" dentro de campo. O time se prepara para algo, treina durante a semana, se planeja... Se algo sai do rumo (o que, vale destacar, acontece toda hora no futebol), já era. Tudo vai por água abaixo.

Por isso, a chegada de reforços é tão importante. O Santos tem qualidade em seu elenco, tem jogadores com potencial, desejados por outros clubes... Mas eles precisam de ajuda, de novos ares, de proteção e de força mental para conseguirem superar os desafios que vão aparecer em todos os jogos, seja sofrendo um gol por mais um erro, seja tendo um jogador expulso, seja num gramado ruim.

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