Desportiva SAF: Consultoria estima prazo de um ano para conclusão de projeto

A Desportiva Ferroviária apresentou os primeiros passos para a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Nesta terça-feira, em parceria com consultoria financeira, a Locomotiva Grená revelou que terá um ano até a conclusão do projeto completo antes de atrair um potencial investidor.

Em coletiva de imprensa no Shopping Moxuara, em Cariacica, a boutique de M&A e de avaliação contratada, por meio do CEO Antônio Nicolau e do parceiro Gabriel Venturim, apresentou os principais pontos do planejamento para jornalistas e membros de torcida organizada da Locomotiva Grená.

A Desportiva Ferroviária encontra na Lei 14.193/21, popularmente conhecida como Lei das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), uma contribuição no saneamento das dívidas e segurança jurídica e patrimonial para o clube. O diretor-executivo, Carlos Farias, destacou a importância dos primeiros passos para a escolha do investidor parceiro, que seja compatível as ambições da Desportiva de voltar ao cenário nacional.

- Temos essa preocupação de quem está fazendo e o que está fazendo. É uma preocupação que a gente tem. Hoje tivemos o prazer de estar aqui celebrando isso, conhecemos o Gabriel (Venturim) e foi para que pudéssemos ter certeza de com quem estamos trabalhando . Estamos felizes porque não queremos entrar na história do clube como alguém que afundou mais a Desportiva. Queremos o projeto inicial de salvar a Desportiva, salvar o clube. Então, vamos entrar para a história por estar fazendo a coisa certa.

Gabriel Virturim explica plano de SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária 2 de 6 Gabriel Virturim explica plano de SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária

Gabriel Virturim explica plano de SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária

A Desportiva Ferroviária tem trabalhado nos últimos anos para deixar a situação deficitária em que foi colocada em razão das gestões passadas. O clube grená não tem ciência do valor total a ser quitado para zerar as dívidas trabalhistas.

Quanto à Sociedade Anônima do Futebol, ela define que 20% das receitas correntes mensais da SAF são encaminhadas para o clube original pagar as dívidas. Além disso, metade dos lucros da SAF devem ser repassados a Associação, na condição de acionista.

O sucesso esportivo pode acompanhar novos reclamantes, mas a Tiva confia na lei que protege o futuro acionista das obrigações anteriores à data da constituição da SAF. Pensando nisso, Gabriel Virturim pontuou sobre a SA como forma de exigir as governanças dos clubes o mínimo de governança corporativa, transparência e responsabilidade.

- Isso é muito comum no nosso processo de difusão de aquisições porque quem compra um negócio tem que estar protegido dos passivos ocultos que aparecem. Essa é uma apreciação que temos pedido à diretoria o mais urgente possível para termos acesso e levantar. Certamente, o investidor vai querer criar um mecanismo de proteção nesse sentido, com toda razão. Justamente porque aparecem esses esqueletos e confusões, mas não acredito que seja muito maior do que temos visto. Mas, o reclamante tem período para reclamar e toda uma questão nesse sentido. E, na própria negociação, a gente pode colocar que dependendo do que aparecer, ele assume dentro de determinado limite.

Antônio Nicolau negociou por quatro meses com a Desportiva Ferroviária — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária 3 de 6 Antônio Nicolau negociou por quatro meses com a Desportiva Ferroviária — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária

Antônio Nicolau negociou por quatro meses com a Desportiva Ferroviária — Foto: Tiago Taam/Desportiva Ferroviária

O segundo maior campeão do futebol capixaba é o único clube do município de Cariacica, hoje, em atividade no futebol capixaba. É a partir desse potencial que a Desportiva Ferroviária pretende vislumbrar novas receitas, haja vista que essa tem sido a maior dificuldade da Locomotiva Grená para se tornar um clube saudável financeiramente. Atualmente, as gerações de renda do time de Jardim América estão praticamente limitadas à bilheteria e comercialização em dias de jogos.

A estratégia não desconsidera o desempenho em campo do time principal. Afinal, o mecanismo de gestão precisa considerar o relacionamento com o consumidor para além do grau de apego passional emocional. Sucesso em campo é vital para gosto, desejo, decisão/compromisso do torcedor e cobertura midiática.

- A atração passa pelo sucesso da equipe no campeonato profissional masculino. Isso é inevitável. Mas muita coisa dá para ser feita. A gente já ouvi nesse meio-tempo: “Eu era apaixonado pela Desportiva, hoje, eu gosto muito”. Quantos aqui torcem para outros clubes do Rio de Janeiro e têm a Desportiva como segundo time? E quantos no Espírito Santo são assim? Então, eu sou um pouco otimista no engajamento do torcedor para gerar receita para o clube, porque eu não preciso estar no estádio para isso - declarou Gabriel.

O parceiro da Meden afirma que o trabalho de monetização, do novo clube, deve ir além de apenas contar com as receitas de venda de ingressos.

- Eu saí do Espírito Santo há 22 anos e sempre me perguntam: “por que não tem um time forte no Espírito Santo?" Essa é uma pergunta clássica que me fazem. A gente tem que fazer bem feito, o que não está sendo feito. Temos que ter uma preocupação além de bilheteria e ir para o engajamento e produtos licenciados, na Desportiva como startup. Não que esteja começando, porque a Desportiva tem uma base muito forte, mas no sentido de queimar caixa nos primeiros anos sem ter retorno. Mas, a gente começa a ter Copa do Brasil com premiações importantes, que podem viabilizar muitas coisas, chegada de patrocínios, licenciamento de TVs e outros. Mas, tem que ter ciência de que o período é de patinar e queimar caixa. É acertar na estratégia da SAF e estar consciente nisso, sabendo que é difícil e que assim teremos a força da imprensa - afirmou Gabriel Venturim.

Gabriel Virturim ao lado do vice-presidente da Desportiva, João Carlos Pereira Rocha — Foto: Tiago Taam/Desportiva 4 de 6 Gabriel Virturim ao lado do vice-presidente da Desportiva, João Carlos Pereira Rocha — Foto: Tiago Taam/Desportiva

Gabriel Virturim ao lado do vice-presidente da Desportiva, João Carlos Pereira Rocha — Foto: Tiago Taam/Desportiva

Patrocínios, cotas televisivas, otimização da arena, arrecadação de bilheteria, ações de marketing e transferência de atletas configuram as principais fontes de receitas de um clube de futebol. Gabriel Virturim antecipou que o planejamento é atuar no licenciamento de produtos para aumentar a experiência do torcedor e na formação de atletas.

- Por isso, reforço que o investidor não deve estar preocupado com dividendo e lucro. Ele tem que estar preocupado com sucesso e retorno de longo prazo. Isso é importante. O instrumento SAF é importante por conta dessa proteção para pagamento. Reforçando em outros casos, a gente vê iminência de colocar empresa em equalização judicial por causa do tamanho da dívida. Mas é algo que não temos o mínimo intuito de fazer na Desportiva porque está controlado e não é tão grande frente a receita que pode ser gerada.

Torcida Grenamor presente na coletiva de imprensa da SAF — Foto: Tiago Taam/Desportiva 5 de 6 Torcida Grenamor presente na coletiva de imprensa da SAF — Foto: Tiago Taam/Desportiva

Torcida Grenamor presente na coletiva de imprensa da SAF — Foto: Tiago Taam/Desportiva

A Desportiva Ferroviária tem a Sociedade Anônima de Futebol como uma oportunidade de potencializar a organização e reduzir a influência negativa de terceiros dentro do clube, que deverá levar a expressão “Sociedade Anônima do Futebol” ou a abreviatura “S.A.F.” no nome. A mudança para o modelo empresarial visa profissionalizar a gestão esportiva, melhorar a relação com o torcedor e agregar valor à marca.

Time constituído por anos pela mineradora Vale do Rio Doce, antes de ser privatizada, vai confiar no setor privado, responsável pelo desenvolvimento do futebol brasileiro, através da divulgação de seus produtos e serviços. Vale destacar que símbolo, brasão, marca, alcunha, hino e cores da Desportiva permanecerão inalterados por lei.

- Há publico querendo esporte, entretenimento, participar e mostrar que tem time para torcer no Espírito Santo. O que não pode acontecer é ir num estádio e ser mal recebido pelo clube, não ter início, meio e fim de engajamento e experiência de torcedor. É difícil e isso assusta o investidor. Tem investidor que quer retorno rápido. Isso não vai ter. Quem quer investir em SAF não quer receber dividendo no próximo ano. Ele tem que estar ciente que vai queimar caixa. Se um dia ele quiser ganhar dinheiro, é vendendo a SAF lá na frente, onde vai precisar respeitar a governança corporativa criada no clube.

Gabriel Venturim apresenta planejamento da projetar SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva 6 de 6 Gabriel Venturim apresenta planejamento da projetar SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva

Gabriel Venturim apresenta planejamento da projetar SAF da Desportiva — Foto: Tiago Taam/Desportiva

Membro da torcida organizada Grenamor, Luan Radaelli, consultor de 31anos, acompanhou a coletiva. Apesar da experiência negativa, do fim da década de 90, quando a Tiva estabeleceu sociedade com o Grupo Villa-Forte & Oliveira Empreendimentos e Participações S/A, o torcedor se viu de acordo a adesão da equipe grená no movimento das SAFs.

- Primeiramente a torcida fica bem apreensiva pela experiência negativa. Foi bem traumatizante para a Desportiva e a torcida. Muita gente parou de ver a Desportiva depois daquela época. Dali foi só ladeira abaixo. Então a torcida fica apreensiva e, ao mesmo tempo, empolgada. Queremos acompanhar de perto e ficar atento ao processo todo para não ter esses traumas do passado. A gente sabe que é uma SAF, totalmente, diferente. Mas, mesmo assim, fica aquela apreensão de um trauma que muita gente que tá na arquibancada viveu. Vemos com bons olhos, uma notícia que agradou bastante e vamos seguir acompanhando e dando apoio na bancada.

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