Flavio Tenius exalta Fábio aos 42 anos e quer Fluminense formando também grandes goleiros
Uma das categorias de base mais famosa do futebol brasileiro, o Fluminense é internacionalmente conhecido por revelar grandes jogadores: Thiago Silva, Marcelo, Fabinho, Carlos Alberto, Luiz Henrique, André etc. Mas se for analisar o gol, são raros os goleiros prata da casa que conseguiram subir e se firmar no profissional na "Era Xerém": Fernando Henrique, Marcos Felipe... Quem dá mais?
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Coincidência ou não, o clube em 2023 contratou um preparador de goleiros com fama de "pé quente" para ser o coordenador técnico da preparação tricolor: Flavio Tenius. O profissional, de 58 anos de vida e 29 de carreira, 💥️na década passada chegou a ter três dos quatro goleiros da seleção brasileira do seu "cartel": Jefferson, Júlio César e Fábio. Gomes, ex-Cruzeiro, também foi formado por ele e convocado.
– De repente pode ter sido um dos motivos para eu estar aqui.
1 de 5 Flávio Tenius e Fábio em treino do Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves/FluminenseFlávio Tenius e Fábio em treino do Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense
Ex-Flamengo, Vasco e Botafogo, Tenius completa o ciclo dos quatro grandes do Rio de Janeiro ao trabalhar agora no Fluminense. Onde reencontrou Fábio depois de 16 anos e rasgou elogios ao camisa 1. Em entrevista exclusiva ao 💥️ge, o coordenador lembrou o início da carreira com o goleiro no Cruzeiro; apostou suas fichas no potencial de Pedro Rangel; explicou como se "divide" entre base e profissional; defendeu a preparação com os pés e saiu pela tangente do rótulo de "pé quente".
💥️ge: você já teve outras oportunidades de ter vindo antes para o 💥️Fluminense💥️, né? Teve alguma em que chegou mais perto?
💥️Tenius: – Só aconteceu agora. Era o único clube grande que eu não tinha trabalhado no Rio. Na minha trajetória, tive umas quatro vezes e bati na trave. (A mais perto) Foi próximo da minha ida para o Botafogo. Eu marquei um encontro com um diretor do clube, no dia seguinte o pessoal do Botafogo me procurou. Conversamos e acertamos. Não deu nem tempo de conversar com o pessoal do Fluminense. Se tivesse conversado antes, talvez tivesse vindo. Agora se concretizou e estou muito feliz.
💥️O que já deu para ver que o 💥️Fluminense💥️ tem de diferente dos outros?
– No Fluminense, nesta minha função que é nova nessa área, me obriga a conhecer o clube por inteiro. Todo o trabalho de goleiro, tanto na base quanto no profissional. Eu vim para ajudar os treinadores de goleiros (André Carvalho e Josmiro de Góes) e criarmos um caminho para conseguirmos revelar e formar bem, para que o clube esteja sempre bem servido de goleiros.
2 de 5 Tenius com os preparadores André Carvalho e Josmiro de Góes — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FCTenius com os preparadores André Carvalho e Josmiro de Góes — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC
– O Fluminense tem um trabalho de base consolidado, tanto é que tem essa chancela de clube formador. Isso é uma diferença que eu senti, o clube já está estruturado em relação à base, ao profissional. Hoje você tem um CT que atende muito bem as expectativas do profissional. Você tem Xerém que é uma estrutura que eu não conhecia e fiquei impressionado. A diferença desse trabalho integrado me impressionou bastante.
💥️Você é conhecido por ser um formador de grandes goleiros e chega a um clube famoso por formar grandes jogadores, mas que não tem histórico de revelar grandes goleiros. Pretende mudar isso?
– De repente pode ter sido um dos motivos para eu estar aqui. Mas não é mudar. Eu vim para cá com a certeza que o Fluminense em bem pouco tempo vai estar colocando um goleiro formado aqui na equipe principal. Existem excelentes profissionais, tanto na base quanto no profissional. Essa minha chegada foi para ajudá-los e motivá-los nessa situação.
3 de 5 Flavio Tenius observa Pedro Rangel no treino do Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FCFlavio Tenius observa Pedro Rangel no treino do Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC
💥️Internamente no 💥️Fluminense💥️, muitos veem grande potencial no Pedro Rangel. O que acha dele? Suas características te lembram algum goleiro com quem já trabalhou?
– Cada goleiro tem sua característica particular. Ele me impressionou muito, e eu tinha o visto pouco jogar. Fisicamente ele tem características muito importantes para a profissão, ele domina bem os fundamentos e tem personalidades. De repente você pega um Júlio César, um Jefferson, um Gomes... São meninos que vieram da base e que agregam todas essas características importantes. Ele tem de sobra, é um goleiro que vejo com potencial enorme para jogar muitos anos.
– Ele já teve oportunidade de jogar dois jogos e foi muito bem. Acreditamos demais nele. Está cada vez se preparando mais. Ele já tem esse entendimento que a oportunidade dele vai aparecer e quer estar pronto. Temos um goleiro (Fábio) que só vem a ajudar e agregar ao clube, que é um exemplo como atleta e como pessoa, que ajuda demais no dia a dia. Hoje temos um número 1, que é nosso parceiro nessa formação, nesse momento de transição.
💥️Por falar no 💥️Fábio💥️, você volta a trabalhar com ele depois de 16 anos...
– Foram duas passagens. Ele teve uma primeira de seis meses logo que fui do Flamengo para o Cruzeiro em 2000. Ele tinha sido contratado por empréstimo para jogar na base, e o Cruzeiro tinha contratado o André, que vinha do Internacional. A gente tinha dois meninos que tinham subido e o Fábio. Eu o conhecia porque tinha sido campeão sub-17 na seleção brasileira, e eu trouxe logo para treinar no profissional. Queria ver mais de perto.
– Ele teve uma oportunidade em um amistoso quando estávamos começando o ano. Decidimos colocar ele para jogar até para quebrar isso de base x profissional. Ele continuou conosco nos seis primeiros meses, mas acabou não ficando no clube. Ele era do União Bandeirantes, e o Cruzeiro já tinha investido no André e tinha o Jefferson, que já estava colocando a carinha ali com 17 anos, então não comprou o Fábio. E o Vasco já de olho levou ele. Em 2005, quando voltou para o Cruzeiro, eu voltei em 2006, e trabalhamos mais uns três anos.
💥️Ficou surpreso ao chegar aqui e vê-lo ainda em alto nível aos 42 anos?
– Não me surpreendeu tanto porque eu sempre acompanhei a carreira. Até o final da saída do Cruzeiro, ele sempre foi muito regular. Ele e o Jefferson sempre foram os mais regulares com quem eu trabalhei. Era difícil ver errar, jogavam sempre. Foram duas referências. Quando ele veio para cá, eu pensei, se ele estiver motivado... Ele motivado é até pleonasmo, está sempre dando gargalhada, mexendo com os garotos. Ele tem idade para ser pai de todos. É bem legal essa história dele. Estou feliz de estar próximo e vivendo isso. É muito gratificante.
💥️Você já foi chamado de "preparador pé quente" em 2011, quando três dos quatro goleiros da Seleção tinham trabalhado contigo (💥️Fábio💥️, Júlio César e Jefferson). Você se sente pé quente?
4 de 5 Fábio na seleção brasileira em 2011 — Foto: Divulgação CBFFábio na seleção brasileira em 2011 — Foto: Divulgação CBF
– Não me sinto, eu acredito muito no trabalho. Claro que o pé quente é sempre bom, né? Mas o trabalho que norteia toda essa minha trajetória. Desde pequenininho eu dormia abraçado com a bola, com luvas de goleiro... Hoje estou aqui no Fluminense para iniciar uma nova função relacionada aos goleiros. É a área que eu gosto, onde me sinto bem e posso ajudar na excelência. Nunca trabalhei longe da base.
– O Gomes, o Júlio César, o Jefferson... Goleiros que eu tinha total conhecimento desde a base. Mesmo no profissional, minha porta era aberta com os treinadores da base, acompanhava os treinamentos, trazia goleiros para treinar no profissional... A gente não acerta sempre, mas foram grandes goleiros... Aí pode ser até uma sortezinha, né? De repente aparecer no clube em que eu estava, e aí você consegue detectar esse talento e desenvolve. Pude ajudar na formação deles, mas com a dedicação deles chegaram onde chegaram. É meio que um casamento, um entendimento de todos.
💥️E como tem sido sua rotina nessa nova função no 💥️Fluminense💥️? Você fica mais aqui no CT Carlos Castilho ou em Xerém?
– Eu até brinco que estou aqui (CT) e em Xerém todo dia (risos). Uma rotina pesada porque é cidade grande, trânsito, distância grande dos dois centros, mas sempre acordo muito motivado. Vivenciar essa nova experiência assim, apesar de ter começado na base do Flamengo por quatro anos e depois 25 anos de profissional, estou voltando a acompanhar formação, que é uma coisa que sempre me deu prazer. Então estou lá e aqui, trabalho junto com os treinadores de goleiro, trocando ideia, estamos organizando bem o trabalho. Tenho me sentindo bem, apesar de ser uma rotina pesada. Se fosse tudo no mesmo espaço seria melhor (risos).
💥️O Fernando Diniz gosta muito de goleiros que trabalham com os pés. É algo que teve que adaptar na sua preparação?
– Não, eu entendo isso como uma tendência mundial. Estou aqui hoje iniciando essa função até porque o protagonismo dos goleiros na equipe ganhou um peso maior. Hoje ele participa muito mais do modelo de jogo do treinador. Claro que cada um tem a sua característica, mas se você for ver é uma situação que tem aqui no Brasil, em outros estados, fora do país, na Europa... Então o goleiro entrou para ser mais um colaborador na construção do jogo.
– Antigamente trabalhava à parte com o preparador de goleiro, ficava defendendo o gol e pronto. Hoje ele participa muito mais no dia a dia, trabalhos com o grupo todo... O trabalho específico do preparador, no meu modo de ver, não pode parar. Essa questão técnica, os fundamentos específicos da posição... Isso diariamente tem que estar ali trabalhando.
5 de 5 Flavio Tenius em palestra na base do Fluminense em Xerém — Foto: Leonardo Brasil / Fluminense FCFlavio Tenius em palestra na base do Fluminense em Xerém — Foto: Leonardo Brasil / Fluminense FC
💥️E é uma preocupação de vocês trabalhar essa questão dos pés também em Xerém?
– Não tenha dúvida. Você tem que criar o hábito. O Fábio com certeza na formação dele não teve esse olhar, porque não era o que os treinadores queriam. Para muitos era: "Pega a bola e chuta". Sair jogando pelo meio era situação quase que inimaginável para um goleiro, quase até proibido de fazer. Hoje já mudou, então tem que ter desde a formação. É uma unidade no planejamento que não podemos deixar passar. É uma visão de todo mundo.
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