A melhor atuação no dia mais triste

A trajetória de Gilmar Dal Pozzo neste início de trabalho no Ituano é única. Chega com o time patinando nas últimas colocações, com risco de queda no Estadual, depois de demitir o Carlos Pimentel que quase chegou à elite brasileira no fim de 2022. No dia em que faria sua estréia, cai uma tempestade em Itu e o jogo contra o São Bernardo é adiado. Tem de dar seu primeiro passo em campo na casa do Mirassol e perde. Aí, na véspera de estrear diante de sua torcida contra o Santo André, seu terceiro goleiro, Jian kayo, 21 anos, é encontrado morto em casa. De que maneira seus comandador reagiriam? Comentei o duelo deste domingo contra o Ramalhão para o Premiere e disse na abertura: "Não é fácil lidar com o luto, é tudo muito recente. Mas se o time processar da melhor maneira possível, pode jogar tudo para dedicar a vitória ao amigo que partiu". Não deu outra. O Ituano fez sua melhor partida do ano, venceu por 2 a 0 e, com um jogo a menos, pode garantir a permanência na elite paulista com uma vitória em três jogos.

É fato que o Santo André, até por tudo o que cercava o dia do Ituano, entrava como favorito. O time de Vinicius Bergantin, sempre tão ligado ao time de Itu, só não vai se classificar ao mata-mata porque caiu no grupo da morte com os irresistíveis Palmeiras e São Bernardo - num outro grupo seria líder ou brigaria pela ponta. Mas no Novelli Júnior, o Ituano parecia o time do fim de 2022: agrupado, impositivo, com posse de bola, com sede de vencer. O Santo André não conseguia trocar passes, o que matava a opção de Bergantin de jogar sem referência e com dois atacantes de lado - Pablo e Zé Hugo - porque a bola não chegava na frente.

Aos 17 minutos, quando a vantagem no placar estava madurinha, o zagueiro Matheus Mancini resolveu dar uma forcinha ao adversário: deu um toque de punho cerrado na bola dentro da área. Nem reclamou da marcação de pênalti, bem como seus desolados companheiros. Rafael Silva bateu forte, no canto direito, levando a superioridade do Ituano ao placar. Quando Zé Hugo teve de sair após um choque de cabeça, Léo Ceará entrou e começou a dar trabalho ao Rubro-Negro pela esquerda. Mas nada que aparentasse risco à vantagem do Ituano.

Até que aos 47, Eduardo Person deu um bote na intermediária. Roubou a bola e acionou de primeira Yuri na direita. Dois contra sete adversários. O mesmo Person correu para receber de volta na área e a bola chegou-lhe limpa. Ele precisou chutar duas vezes - na primeira o goleiro Lucas Frigeri salvou - para decretar Ituano 2 a 0. No segundo tempo, Vinicius Bergantin colocou Will para dar presença de área e opção de bola aérea, além de Julio Victor para as bolas paradas. Boas intenções, mas resultado nulo, e o Ituano sempre dando a impressão de que estava mais perto do 3 a 0 do que de tomar o primeiro gol.

No fim do jogo, alegria do torcedor por ter chegado aos 9 pontos, a três da salvação. Mas ainda uma dor incalculável, uma sensação de vazio pela tragédia da perda de Jian Kayo. Que a família e os amigos do goleiro possam ter força, luz, energia para seguir adiante.

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