Essa mania de minimalismo ainda vai acabar com o futebol

E o Jimmy Butler? O jogador do Miami Heat fez o que qualquer ser humano normal faria. Ao ser convidado para compor a reserva no promovido pela NBA, respondeu: "Não, muito obrigado. Eu tenho uma viagem marcada para conhecer a Argentina".

Ele caminhou pela , comeu asados, se lambuzou com alfajores, foi simpático com quem o reconheceu e fez turismo de futebol no país, obviamente. Foi até Avellaneda para conhecer o Cilindro do Racing e temos imagens dele cumprimentando arquibancadas rigorosamente vazias:

O gigante também aproveitou para bater um pênalti muito do mequetrefe, diga-se, mas como pênalti bem batido é aquele que entra, então…

Mas alguém precisa explicar para este rapaz que por estes pagos, na América do Sul, o sentimento não funciona como franquia. Não, de jeito nenhum. O sujeito não pode ir até lá, conhecer o estádio, receber a camiseta de presente, bater um pênalti mequetrefe, ser aplaudido mesmo assim e depois ir lá no rival fazer tudo de novo:

Aliás, já que passamos pelo Racing, é uma ótima oportunidade para recomendar a história sobre o dia em que o clube organizou uma missa para espantar a má sorte e exorcizar o Cilindro (o clube atravessa uma grave crise institucional e esportiva, há mais de 30 anos na fila).

E como também passamos pelo Boca Juniors, vale o registro do retorno de Martín Palermo, agora técnico do Platense, à Bombonera. O é o maior artilheiro da história do clube e foi recebido com toda pompa que faz jus. Inclusive, no dia de sua despedida como jogador, em uma emotiva festa organizada na mesma Bombonera, o Boca deu a ele um dos arcos do estádio (o que seria, em perspectiva, presentear alguém com um elefante simplesmente porque a pessoa gosta de animais).

A semana também foi de zebras pela Copa Argentina, que segue à risca aquela máxima das Copas nacionais: testar a resiliência do coitado que assiste seu time ser eliminado por outro de menor expressão e cujos jogadores, geralmente, têm o futebol como bico. É raro, mas acontece sempre.

Foi o caso do Claypole, da quarta divisão, que tem o gol de mão de Maradona contra os ingleses como imagem de cabeçalho e já se dava por feliz só de imaginar que Messi talvez assistisse seu jogo justamente por ser contra o Newell’s. Acabaram deixando Lionel triste ao vencer a por 1 a 0:

Do outro lado da margem do Prata, no , o campeonato uruguaio segue seu ritmo particular. E a imagem que resume este conceito de que o futebol por lá é diferente vem da consulta do árbitro ao VAR na análise dos fatos que deu a vitória ao Defensor diante do La Luz:

O Peñarol aproveitou o feriado de carnaval para, através de avançados métodos empíricos, qual a porcentagem de "uruguaidade" do zagueiro brasileiro Léo Coelho.

Também teve zagueiro brasileiro desembarcando em outro gigante . Entre lágrimas e lenços, Eduardo Brock deixou o Cruzeiro para acertar com o Cerro Porteño. Brock chega sob muita expectativa. A torcida paraguaia exigia uma peça para repor a saída de Alexis "El Pulpito" Duarte, um dos grandes talentos recentes (seguidor da máxima que rege a vida dos zagueiros paraguaios: cabecear qualquer objeto que ronde sua área, seja uma máquina de lavar ou até mesmo a bola).

E sobre outros brasileiros por aí, o Ronaldinho dos rolês aleatórios vai jogar na tal Liga do Piqué, lá na Espanha. Vai usar um uniforme rosado, ótima deixa para lembrar o dia em que vestiu, num amistoso, a camiseta do glorioso Sport Boys peruano:

Do Peru foi o último clássico entre Universitario e Alianza Lima. Disputado no Monumental, os visitantes venceram por 2 a 1 numa partida pipocada de polêmicas e que ainda está rendendo acusações de ambas as partes nos bastidores.

O Universitario acusa o Alianza de provocações gratuitas, enquanto o Alianza acusa o Universitario de agressões gratuitas. No centro da polêmica está a comemoração de Pedro Sabbag no primeiro gol do Alianza. O colombiano levou as mãos aos ouvidos, como quem se esforça para escutar os impropérios que todo um estádio vociferava:

Aliás, já passou da hora de o futebol legalizar o Topo Gigio como comemoração legítima e libertadora. Muitos de nós pensamos que isso aconteceria no pós-Copa, depois de Messi e toda aquela história contra a Holanda… Enfim, também passou da hora de falarmos sobre o técnico argentino do Universitario, Carlos Compagnucci, e sua semelhança com o Klopp (mas só quando ele está usando boné):

Também tivemos rodada de pré-Libertadores com dois brasileiros em campo: o Atlético-MG visitou o Carabobo, da Venezuela, e ficou no zero a zero. O Fortaleza foi até o Uruguai, jogou contra o Boston River, time do coração do presidente Lacalle Pou, e também ficou no empate sem gols.

Pelo Carabobo, registra-se a estreia do goleiro francês Jérémy Vachoux (nessa foto com uma cara repleta de dúvidas):

E a aguardada apresentação de Wilfried Bony, ex-Manchester City, pelo Always Ready. De tão aguardada foi digna de esquecimento: entrou no segundo tempo, quando o time boliviano já perdia por 1 a 0 para o Magallanes. A partida terminou 3 a 0. De qualquer forma, Bony já fez mais do que Adebayor quando passou por aqui…

E pra finalizar, outra mudança de escudo, cores, formas e conteúdo. O Cumbayá, do Equador, apagou da sua história o simpático Loro que dominava a bola no pé e o trocou por um layout minimalista.

O futebol, de tão minimalista que está se tornando, um dia vai acabar desaparecendo por não restar nada mais que tenha um mínimo legado.

Mais em @leo_lepri

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