FPF informa que torcida do Botafogo-SP vetada dos estádios não tem cadastro oficial

Faixa com a frase 'Sem anistia' motivou briga entre PM e torcedores organizados em Ribeirão Preto — Foto: Divulgação/Rede Social 1 de 2 Faixa com a frase 'Sem anistia' motivou briga entre PM e torcedores organizados em Ribeirão Preto — Foto: Divulgação/Rede Social

Faixa com a frase 'Sem anistia' motivou briga entre PM e torcedores organizados em Ribeirão Preto — Foto: Divulgação/Rede Social

A proibição da torcida “Resistência Caipira/Botafogo Antifascista” nos estádios de São Paulo até o fim do Campeonato Brasileiro da Série B, após ofício do Ministério Público de São Paulo acatado pela FPF (Federação Paulista de Futebol) ganha um novo capítulo nesta terça-feira. A entidade que rege o futebol em São Paulo comunicou que a torcida não está cadastrada oficialmente.

Em documento assinado por Fábio Barbosa Moraes, diretor executivo do departamento de Segurança e Prevenção de Violência da FPF, há “ausência de envio da documentação pertinente ao cadastro das torcidas organizadas” em relação aos dois nomes.

No dia 19 de janeiro deste ano, na derrota do pantera para o Palmeiras, por 1 a 0, o grupo levou uma faixa coma frase "Sem Anistia", em referência aos atos golpistas do dia 8 de novembro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Um dos integrantes do grupo, o advogado Juarez Alves de Lima Júnior, explicou que, por se tratar de um coletivo, não há documentação junto à FPF como torcida. No entanto, Lima Júnior afirmou que, após os acontecimentos, os membros vão encaminhar a documentação para oficializar o coletivo como torcida.

– Ainda não somos uma torcida organizada, somos um coletivo, são poucos membros. Mas, para os olhos e para o que contempla o Estatuto do Torcedor, lá nós temos associações de fato e de direito. Neste momento, porque não chegamos ao patamar de uma torcida organizada, mas vamos agora, mais do que nunca, trabalhar para isso. Por enquanto, somos tratados como coletivo, em vias de se transformar em uma torcida organizada que vai ser, a partir de agora, a nossa batalha. A partir daí federalizar, seguir os trâmites normais, sem, no entanto, sermos contemplados pelo Estatuto do Torcedor como uma associação de fato, que é exatamente o que é – disse Juarez.

O advogado ainda comentou que a intenção dos integrantes, que atualmente chegam a cerca de 60, é conscientizar, por meio do futebol, a pautas que falem sobre igualdade, diversidade e promovam a paz nos estádios.

Torcida do Botafogo-SP no estádio Santa Cruz — Foto: João Victor Menezes/Agência Botafogo 2 de 2 Torcida do Botafogo-SP no estádio Santa Cruz — Foto: João Victor Menezes/Agência Botafogo

Torcida do Botafogo-SP no estádio Santa Cruz — Foto: João Victor Menezes/Agência Botafogo

– Não somos uma torcida de mil integrantes, temos, no máximo, 60 pessoas, profissionais liberais que se uniram pela mesma convicção ideológica contra o fascismo, racismo, violência nos estádios, homofobia. São pautas consideradas progressistas, há um coletivo, no entanto, o próximo passo será transformar em uma torcida organizada – finalizou.

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O promotor Paulo José Freire Teotônio, autor do ofício enviado à FPF, voltou a frisar que a medida não se deu por causa do conteúdo da faixa em si. A argumentação é que, diante do cenário de divisão social por causa da política, a presença da bandeira em um estádio representa uma possibilidade de confronto.

- Fazer manifestação política em estádio vai promover a revolta dos contrários, e isso que a polícia quer evitar. Não teve pecha ideológica na atuação policial, ela agiu com o rigor da lei. Estava proibido entrar com a faixa ou se recorre à instância superior para ter autorização, ou não se entra – afirmou Teotônio, que disse condenar os atos do dia 8 de novembro, quando golpistas atacaram prédios dos três poderes constitucionais.

- Não tem elemento ou ingrediente político, apesar de a torcida ter essa conotação, no Estado Democrático de Direito isso é perfeitamente normal. Mas a liberdade de expressão, como já julgado pelos ministros do STF, não é um direito absoluto, ela cede quando há um interesse coletivo: no caso a segurança das pessoas que frequentam o estádio. O que aconteceu dia 8, esse vandalismo, esse crime, está sendo investigado e punido. Não interessa o conteúdo da manifestação, não se pode, qualquer que seja ela, levar à confusão generalizada. Hoje no Brasil estamos vivendo quase que um Corinthians x Palmeiras, Botafogo x Comercial ou Vasco x Flamengo político. Temos 50% achando que tá tudo certo do lado dele e errado do outro lado. Isso no estádio pode representar uma tragédia – argumentou.

Lima Júnior, integrante do coletivo, voltou a dizer que o veto é "censura" e que só houve violência por parte da polícia diante da faixa. Além disso, ele afirma que mensagens com outras conotações ideológicas foram exibidas anteriormente dentro do estádio Santa Cruz.

- [Essa medida] demonstra questão política. Em contrapartida, no início desta politização absurda, havia faixas de “Somos todos Moro”, não se via ações truculentas da PM, a coisa correu frouxa. Se pegar na Internet tem várias imagens do Bota com essas faixas. Mas o jurídico está cuidando disso, está fazendo a defesa, não costumo advogar em causa própria. Vamos tomar todas as providências no sentido de reversão, a FPF não abriu processo, apenas cumpriu determinação judicial, em cumprimento do ofício – finalizou Lima Júnior.

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