Sidnei Nehme: Desencontros e tensões políticas afetam humor em torno da reforma da previdência
💥️Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO
Ocorre relevante perda de energia e foco em relação à Reforma da Previdência, na medida em que ocorre forte dispersão de empenho objetivo em prol do andamento desta relevante e fundamental questão para o país.
Há um cultivo aos “egos” e uma intensificação de “picuinhas” que comprometem a seriedade que deveria revestir as discussões em torno desta relevante matéria.
As perspectivas que deveriam revelar a convergência de esforços, embora com algumas divergências, mas centradas na evolução da profunda análise do tema, ancorada em forte articulação política por parte do poder Executivo pró sua propositura e seus objetivos fiscais, mesmo num ambiente em que naturalmente se espera reações corporativas intensas, mas que no fundo não serão capazes de neutralizar o debate, embora sejam perturbadores, em especial nestes tempos em que prevalecem as redes sociais e a enorme propagação de informações falsas e verdadeiras, acaba por se esvair e fortalecer, cada vez mais, a convicção de que convivemos com um contexto binário, sem viés neste momento.
Evidentemente que neste tumultuado ambiente de “politicagem” a níveis bastante preocupantes, o mercado financeiro se afaste dos fundamentos e seja conduzido predominantemente pelo “emocional” e não pelo “racional”, o que torna obscura qualquer tentativa de se apontar direções e projeções de comportamento dos ativos.
Então a formação do preço do dólar no nosso mercado, onde não tem razões para sofrer ataques especulativos dada a confortável situação do país no quesito cambial, fica neste “lenga lenga”, volátil tanto quanto o humor predominante, e, mesmo a Bovespa, que no momento dada a ausência de perspectivas críveis de recuperação da atividade econômica do país e sem contar com o alento da presença de investidores estrangeiros, ousa, depois de uma queda expressiva, ressurgir das cinzas, sob esta ou aquela justificativa, nenhuma delas plausível.
Momento ruim para o Brasil que precisa ter pressa para realinhar-se com o desenvolvimento de sua atividade econômica, gerando renda e consumo e empregos, não podendo se deixar iludir pelo resultado promissor do mês de fevereiro, visto que o desemprego é altamente expressivo no país.
Lamentavelmente, num momento em que o país tem inflação sob controle, juros e câmbio em patamares adequados e contas externas confortáveis, acaba se deixando vitimar por inabilidades no trato da questão política que inibe o avanço e cria sentimentos desapontadores que tem repercussão muito rápida nos humores predominantes.
Há um imbróglio em que parece que todas as partes conflitam e transparecem convicção de que estão certos, o que é mais preocupante.
A pergunta que está no ar é: Existe algum risco de dar certo com este estado de coisas?
Certamente, não há resposta neste momento, embora seja vital para o país que dê certo, sem o que dias piores poderão vir, contrariando as expectativas otimistas que predominavam até semanas atrás.
É absolutamente insano projetar-se perspectivas neste momento, salvo a convicção de que predominará a volatilidade.
O dólar abriu ontem mantendo o viés de queda sinalizando que poderia intensificar o ajuste reversivo sendo cotado a 3,83, porém, bastou o Ministro da Economia anunciar que não iria a CCJ e aguardaria a designação de relator e o preço da moeda americana retomou o viés de alta. Qual o fundamento, qual a razão? Volatilidade insana e emocional sem nada de racional.
Em contrapartida, a Bovespa que vinha em queda “ressuscita” com fundamento na melhora do ambiente político e melhora externa (sic). Fundamento? O Ministro Guedes não foi a CCJ mas justificou que aguardará a definição do relator!
Neste momento em que predomina a irracionalidade, não há tendências críveis, e, a rigor, qualquer razão será razão para fomentar volatilidade e a obscuridade dos fundamentos.
O Brasil está precisando de mais ação e menos transpiração!
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