Série Blockchain: Entendendo um pouco mais sobre essa revolução
(Imagem: Pixabay)
💥️Por Lucas Galvão para o Cryptowatch
O caminho que tomamos na evolução da sociedade atingiu tal grau de maturidade ao ponto de adentrarmos na Era da Internet do Dinheiro, logo após termos alcançado a Internet das Coisas. E, ainda que o marco da Era da Internet do Dinheiro tenha sido com o Bitcoin, a sua história começou algumas décadas antes; sendo que antes ainda se iniciou a discussão acerca da importância da nossa privacidade.
Afinal, qual a sua importância nos dias atuais e como a Blockchain pode ser ponto de interesse neste tema?
A criação da Blockchain teve origem com grupos denominados Cypherpunks ainda na década de 1990, que buscavam anonimato pela criptografia e descentralização do sistema bancário e monetário, a fim de não terem que se submeter ao Estado. E esta busca deles compreende na necessidade da proteção de suas privacidades.
Por sua vez, Orwell narra em seu livro 1984, sobre o tempo do Big Brother, de uma sociedade que não há qualquer privacidade e o controle de tudo pelas mãos do Estado. Não sendo por um acaso o ano de sua publicação, em 1949 pós segunda guerra mundial. Outros exemplos na literatura retratam ditaduras em situação de privacidade zero, como O Caso dos Denunciantes Invejosos, de Dimoulis.
Àquele tempo se tinha um grande risco da sociedade da vigilância, cujos usos daquelas informações privadas tinham uso político com a finalidade de controle do cidadão, reforçando o ciclo da ditadura. Hoje, o temor do Big Brother que outrora alimentou ditaduras se tornou menor por vivermos em um Estado democrático, contudo equivoca-se em pensar que neste formato de Estado não se busca as informações privadas a fim de se dominar o cidadão; daí o novo temor na Little Sister, quando essa vigilância ocorre pelas vias privadas.
O atual modelo de negócio da atual Sociedade da Informação é feita de forma a recompensar o usuário pela entrega voluntária dos seus dados. Ocorre inversão de valores daquilo que se é íntimo, expondo-se de forma crua, na necessidade de ser um digital influencer dentro da sua bolha, a fim de coletar o maior número de likes.
Neste modelo de negócios os seus dados são o novo petróleo, e você os entrega sob uma suposta recompensa, nas palavras de COSTA JR., em O direito de estar só: “Ele se sente esmagado pelo anonimato, pela diluição de sua individualidade nas grandes concentrações urbanas da era industrial-tecnológica, de sorte que a exposição de sua vida à curiosidade e controle alheios resulta, paradoxalmente, na superação de sua mediocridade: ser espionado é, de algum modo, ser importante.”
Neste mesmo ciclo, sem entendermos a importância dos nossos dados, do que estamos entregando, e como isso afeta diretamente o conteúdo que recebemos, este conteúdo personalizado recebido, com base em nossos gostos e informações mais íntimas, serão suficientes para, em caso de uma Fake News, nos convencer de falsas verdades sem que tenhamos a curiosidade de duvidar.
A Blockchain, diante deste contexto social que estamos inseridos, se torna um grande atrativo por conta da sua possibilidade de empoderamento do usuário, por aplicações que possam restringir os limites da extensão do uso de seus dados, dando ao usuário o total controle (Trubr), em uma maior certeza da validade de informações (OriginalMy e Dautin Blockchain), pela própria transparência e imutabilidade dos dados, características da rede, e até em projetos mais audaciosos como a Democracy Earth, que contém uma série de instrumentos para validação de identidade, combate a fake news, descentralização pela representação do próprio poder público, e etc.
E, a partir do Bitcoin, pela eliminação do terceiro intermediário nas relações de pagamento, com a necessidade criada e repassada ao usuário quanto a sua responsabilidade integral no manuseio destes ativos, de forma semelhante a Blockchain se propõe a iniciar esse diálogo, e a importância do usuário passar a ter o controle, responsabilizando-se integralmente pelos seus dados, e não apenas pelos seus ativos. Do contrário, como teremos certeza que os algoritmos não estão sendo eficientes, por muito bem nos conhecerem, em nos controlar de modo que nossas decisões fazem parte dos planos deles?
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