Felipe Miranda: Último dia do IR; guarde essa data

“Milagres não são contrários à natureza,
mas apenas contrários ao que entendemos sobre a natureza.”

Santo Agostinho

Se você quiser fazer Deus sorrir, lhe conte seus planos. A ironia de Woody Allen parece vestir bem este 30 de abril.

Bicho, lembra bem deste dia. Aliás, se você é minimamente parecido comigo, lembra bem dessa última semana. Eu, que pago um contador para fazer minha declaração de IR, ou seja, nem sou o responsável por preencher aquelas intermináveis linhas, estou há dias levantando documentos, informes de rendimentos, escrituras de imóveis, papel de pão em que me comprometi com determinada doação, recibo da consulta do João Pedro no ortodontista…

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Não me orgulho, claro. Você está certo. Eu sei que deveria ter feito antes, que sou desorganizado, que meu contador também não ajuda. É um daqueles dias em que “você se olha no espelho, se sente um grandessíssimo idiota, sabe que é humano, ridículo, limitado e que só usa 10 por cento de sua cabeça animal”. Ou talvez não seja “Ouro de Tolo”, mas apenas “Fim de Mês”.

Depois de procurar fumar cigarro Hollywood que é o cigarro do sucesso e passar os últimos dias dedicado a levantar todos os documentos necessários para minha declaração de IR, sabe o que eu vou fazer hoje? Continuar nessa deliciosa tarefa de geração de DARFs e companhia limitada. Que inferno!

Por incrível que pareça — e talvez você tenha notado —, não estou mal-humorado. “Mau humor é falta de educação”, diria tia Glória. Mas não é só isso. Em meio a esse quase kafkiano processo de tentar ser um cidadão de bem pagador dos devidos impostos no Brasil, encontrei uma boa notícia. Sim, é verdade mesmo.

Terei uma gorda restituição a recolher. Isso por conta do meu investimento no Vitreo FoF SuperPrevidência, anunciado aqui publicamente ao final do ano passado — as contribuições em PGBLs, como é meu caso, podem ser abatidas no cálculo do imposto até o limite de 12 por cento da renda tributável.

Acho que hoje entendi pela primeira vez o significado de “matar um leão por dia” — embora ainda tenha dificuldade para desviar das dez antas que sempre me aparecem.

É a primeira vez na vida que terei uma boa restituição e isso serviu verdadeiramente para reduzir a frustração com o tanto de imposto que paguei no ano passado e para gerar uma surpresa positiva. Espontaneamente, o trem do pensamento me levou às hipóteses do que poderei fazer com o dinheiro que cairá na minha conta.

Não lhe parece também um tanto curioso que os seis meses de vida da Vitreo, cuja atividade começou justamente com um Fundo de Fundos de Previdência, tenha caído no exato último dia para declaração de Imposto de Renda? A marca de um semestre é aquela em que a gestora pode passar a divulgar sua rentabilidade, de acordo com a CVM.

Há um bom tempo, identifiquei a necessidade de a Empiricus oferecer a seus leitores também a última milha, uma via que permitisse aos assinantes executarem as ideias sem conflitos de interesse aqui propostas.

Obviamente, teríamos o desafio de manter a Empiricus estritamente como uma publicadora de conteúdo, preservada sua total e irrestrita independência — “ah, mas isso é possível?” Não só é possível, como bastante simples.

A perda da independência se daria se, e somente se, uma ou outra indicação representasse maior ou menor receita para a Empiricus— essa é a origem do conflito. Se você não cobra corretagem e tabela taxas/rebates, por exemplo, pronto, resolvido.

Há nove anos e meio, quando criamos a Companhia, queríamos tirar o investidor pessoa física, tão maltratado pela indústria financeira, do ambiente conflitado dos bancos e das corretoras. Para ter boas ideias de investimento, ele teria de ler uma pesquisa independente, totalmente alinhada a seus próprios interesses.

Se acertaríamos ou erraríamos as sugestões, só o tempo iria dizer. Mas a estrutura do modelo, a essência da coisa era superior ao oferecido por aí. O leitor paga por uma boa ideia de investimentos; nós entregamos uma boa ideia de investimento. Não há nada por trás, taxa escondida, rebate sub-reptício, tentativa de empurrar produto ruim para ganhar um percentual de taxa de distribuição, estruturação, nada.

Com muita sorte no meio do caminho, achamos que cumprimos uma fase inicial da caminhada com algum pequeno sucesso — estamos muito longe ainda do que queremos, erramos pra caramba e sabemos da nossa insignificância e do nosso lugarzinho no mundo, mas 330 mil assinantes representam uma marca significativa.

No entanto, a verdade é que a experiência do leitor não estava/está completa. Tiramos o sujeito do ambiente conflitado. Ele vem aqui e lê uma oportunidade de investimento. Então, gosta daquilo e vê interesse em executar. Estando alinhado a seu perfil, ele volta ao ambiente conflitado para instrumentalizar a ideia gerada sem conflito.

Ele corre o risco de ser corrompido de novo, entende? Nem tudo estava dentro de um ambiente controlado. Daí você olha para as empresas realmente grandes e percebe como elas levavam ao usuário a experiência inteira. Sem nenhuma tentativa descabida de comparação, apenas como referência ilustrativa, observo com admiração a Amazon com os livros e o Kindle; a Apple com o iPod e o iTunes. E por aí vai…

Quanto mais refletia, a necessidade se tornava premente na minha cabeça. À época da decisão, havia basicamente dois modelos distintos de plataformas de investimentos para o varejo.

De um lado, a XP, que tem méritos gigantescos no processo de abertura de plataforma de democratização dos investimentos, mas levava ao investidor uma estrutura conflitada em que o contato com o investidor ocorria (e ainda ocorre) por meio do agente autônomo, que deveria apenas atuar na prospecção de clientes e distribuição de produtos, mas acaba, na prática, sugestionando investimentos — esse é o modelo hoje copiado, no meu entendimento erradamente, pelo BTG Pactual Digital.

Esclareço pela enésima vez: não é um problema dos agentes autônomos (eu gosto de vocês; meu pai foi por dez anos AAI), mas da estrutura de incentivos distorcida.

De outro, havia a Easynvest, com um modelo sem conflito. Ok, legal. Mas parecia um pouco “A Casa”, de Toquinho e Vinicius. Não tinha conflito, nem conteúdo, nem direcionamento para o investidor. O cliente chegava lá e não sabia o que fazer.

Será que não haveria um modelo para preencher o vácuo deixado no meio dessas alternativas? Uma boa orientação, com capacidade de execução, sem conflito de interesses e alinhada ao investidor?

Dessa ideia, surgiu a parceria comercial com a Vitreo. Tive a sorte de conhecer o Patrick O’Grady, toda a turma da Vectis e o Jojo (nem vou tentar escrever seu sobrenome, desculpa) — jamais me cansarei de agradecer por isso. Eles também tinham a missão de levar à pessoa física alternativas de investimento tão boas ou até melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais ou multimilionários.

Então, tivemos o casamento perfeito. Assinamos um contrato de publicidade em que a Empiricus levaria potenciais clientes para a Vitreo. Essa, por sua vez, garantiria a execução de ideias geradas na Empiricus da melhor forma possível, necessariamente sem conflito de interesses e preservando a total independência editorial da publicadora.

Hoje, completamos exatos seis meses dessa relação. Fui tomado por certa perplexidade por isso ter ocorrido justamente hoje. Fiquei dividido entre as ideias de livre-arbítrio e destino.

Não tenho dúvidas de que gozamos da faculdade de escolher entre o bem e o mal, livre da Divina Providência. Mas às vezes penso que há alguém olhando para a gente, como se risse de nossos planos e viesse a nos guiar sorrateiramente, ainda que esse alguém seja a lei da própria vida.

Penso que Santo Agostinho talvez estivesse certo na categorização precisa de “destino”, no sentido de “destinação”. Haveria uma certa “predestinação” pensada, mas ela não seria inexorável. Poderíamos até desviar dela conforme nossas escolhas. Mas nosso coração não repousaria enquanto não encontrasse com Deus.

Não se trata aqui necessariamente de fé religiosa. Ao menos pra mim. Platão, recuperando o mito de Er, fala da necessidade de atendermos ao nosso daimon, aquilo que James Hillman tratou com profundidade no livro “The Soul’s Code”.

Não há como fugir da sua alma, das suas vísceras, de quem você é, de seu propósito.

A parceria comercial com a Vitreo permite à Empiricus encontrar-se consigo mesma. É com muito orgulho que completamos seis meses dessa relação.

E como estamos depois de um semestre?

Hoje, a Vitreo oferece dois Fundos de Fundos, cujas carteiras foram idealizadas pela Luciana Seabra. Depois, tendo a Vitreo feito a própria diligência e o gestor aprovado as indicações originais, os veículos foram construídos.

Em mais uma dessas coisas mais estranhas do que a ficção, hoje a gestora deve bater um total de 1 bilhão de reais em ativos sob gestão, com apenas um semestre de vida. Consultando os dados públicos na CVM, você vê o Vitreo FoF SuperPrevidência com retorno equivalente a 132,5 por cento do CDI, com um patrimônio líquido em torno de 850 milhões de reais.

Já o Vitreo FoF Melhores Fundos , uma alocação diversificada e balanceada em várias classes de fundos, acaba de começar e já está com quase 150 milhões de reais sob gestão.

Ao todo, já são aproximadamente 20 mil pessoas executando essas nossas ideias de investimento não conflitadas, neste caso melhores do que as disponíveis no private banking.

Com seis meses de vida, uma gestora com dois produtos já conseguiu bastante. Eu já consegui uma bela restituição por conta da aplicação no FoF SuperPrevidência — além de bom rendimento. Estamos alinhados. E é assim que deve ser.

Eu gostaria muito que você estivesse conosco. Seis meses são pouco para um projeto de longo prazo. Estaremos aqui pela vida toda.

O que você está lendo é [Felipe Miranda: Último dia do IR; guarde essa data].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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