Entenda por que a Opep é insignificante para o mercado de petróleo neste momento
💥️Por Ellen R. Wald/ysoke.com
Na petróleo subiram no início de segunda-feira, mas não de maneira significativa. De fato, a boa notícia sobre as negociações comerciais entre EUA e China provavelmente influenciou mais os preços do que as próprias decisões da Opep. Na terça-feira, depois que os parceiros da Opep+ firmaram o acordo de cotas por nove meses e instituíram um novo estatuto, os preços do petróleo na verdade caíram. Ao final do dia de ontem, o
Embora a reação do mercado à decisão da Opep tenha sido atenuada em parte porque a decisão já era esperada, a verdade é que o mercado sabe que as cotas do cartel não estão impactando significativamente a oferta de petróleo. Basta comparar os números de produção de outubro de 2016 – dois meses antes de a Opep e a Opep+ iniciarem a redução da produção – e os dados de maio de 2023 para perceber que a ação da Opep não é um vetor de mudanças no abastecimento.
Quase 70% da queda de produção da Opep durante esse período se deve ao Irã e à Venezuela. Em outras palavras, esses cortes são resultado das sanções dos EUA e da incapacidade de produzir, e não da redução voluntária mediante cotas negociadas pela Opep. Outros 7% dos cortes da Opep vêm da diminuição da produção em Angola, os quais também são em grande parte involuntários.
A produção caiu 1,525 milhão de barris por dia (mbpd) naquele período no Irã, 1,347 mbpd na Venezuela e 0,303 mbpd em Angola. O resto da Opep, em seu conjunto, reduziu a oferta em menos de 1,3 mbpd. Portanto, é provável que mais de 75% da redução da produção da Opep tenha acontecido sem o envolvimento da própria organização.
A produção mundial total é basicamente a mesma há mais de dois anos. No quarto trimestre de 2016, a produção mundial era de cerca de 99 mbpd. No primeiro trimestre de 2023, essa produção estava um pouco abaixo de 100 mbpd. Enquanto isso, entre o final de outubro de 2016 e o final de maio de 2023, os EUA aumentaram sua produção em 3,9 mbpd, ou 45,5%. A elevação da produção norte-americana é mais significativa para o mercado do que a redução voluntária da Opep.
Com apenas um corte voluntário de menor importância (além dos cortes forçados do Irã, Venezuela e Angola), a Arábia Saudita foi responsável por cerca de 85% da queda de produção da organização desde o final de 2016. De fato, Iraque, Gabão e Emirados Árabes Unidos produziram mais petróleo em maio de 2023 do que em outubro de 2016.
A Opep se prendeu à parceria com a Opep+ como se estivesse reconhecendo que não é capaz de estabilizar o mercado por conta própria. A organização confia nesses países que não fazem parte do cartel para dar algum peso aos seus cortes, mas o fato é que esses parceiros não são confiáveis.
A Rússia, em particular, já demonstrou que não é confiável quando o assunto é respeitar as cotas acordadas. Além disso, o acordo de nove meses firmado nesta semana significa que a Opep é ainda menos influente nos cálculos de preço, pois, caso seja mantido, permanecerá em vigor até o final de março de 2023.
Ao mesmo tempo, não há nada que a Opep possa fazer para se contrapor à produção dos EUA. As flutuações de produção relativamente insignificantes que a Opep é capaz de provocar neste momento não são determinantes. As melhores coisas que aconteceram para a Opep nos últimos anos foram fatos além do seu controle, como as sanções e os problemas enfrentados por alguns países integrantes da organização.
Isso não quer dizer que o cartel continuará irrelevante para o mercado de petróleo, mas, atualmente, há pouca coisa que ele possa se dispor a fazer para impulsionar os preços – seja para cima ou para baixo. Apesar de a reunião desta semana ter sido insignificante, a situação pode mudar rapidamente. O ano que vem pode ser bastante diferente.
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