Setor de petróleo enfrenta desafio para atrair millennials
O declínio começou para valer depois de 2014, quando o preço do petróleo entrou em queda livre e o setor perdeu empregos (Imagem: Bloomberg)
As petrolíferas têm um problema chamado Robert Paver.
Esse jovem de 22 anos que acaba de se formar em ciências da terra, juntamente com seus colegas na Universidade Oxford, deveria ser um talento natural para um setor que tem uma longa e rentável história no Reino Unido. Mas, em vez de contemplar uma carreira em uma exploradora offshore, Paver planeja se tornar consultor de gestão.
Da classe de 28 alunos de Paver, apenas um decidiu trabalhar na indústria de petróleo e gás.
“Há 20 ou 30 anos, o petróleo era definitivamente muito popular entre estudantes, mas parece que há muito menos pessoas entrando nisso hoje em dia”, disse Paver em entrevista por telefone. “Muitos ex-alunos foram para a BP e Shell no passado, mais do que atualmente. ”
Durante décadas, graduados em ciências e engenharia seguiram o tradicional caminho das principais universidades do Reino Unido rumo ao setor de petróleo e gás, fornecendo a mão de obra qualificada necessária para descobrir e desenvolver recursos em todo o mundo. Nos últimos anos, o fluxo de talentos diminuiu drasticamente, levantando questões fundamentais para um setor que continua sendo peça fundamental na economia global.
O declínio começou para valer depois de 2014, quando o preço do petróleo entrou em queda livre e o setor perdeu empregos. As empresas reduziram o recrutamento de recém-formados, e o número de contratações caiu pela metade em dois anos.
No entanto, a história não termina aqui. As cotações do petróleo se recuperaram, assim como o setor, mas o número de formados britânicos que optavam por trabalhar no setor continuou caindo, até chegar ao menor nível desde que os dados começaram a ser monitorados em 2012. Há cada vez mais sinais de que o antes cobiçado setor não é o empregador que costumava ser.
Medos futuros
“As pessoas estão preocupadas que não vai haver tantos empregos no futuro, especialmente trabalhos relacionados à geologia, por causa de um movimento de distanciamento dos combustíveis fósseis”, disse Paver. “Como as empresas de petróleo fazem menos descobertas e não querem investir tanto em exploração, as pessoas estão preocupadas que no futuro talvez não seja viável.”
O setor enfrenta desafios de recrutamento em todo o mundo. Em uma pesquisa com mais de 33 mil pessoas que trabalham no setor de petróleo e gás conduzida pela oilandgasjobsearch.com e NES Global Talent, quase 90% disseram que a falta de habilidades prejudicava a produtividade, com brechas se ampliando em todos os setores da indústria.
Para combater isso, as empresas estão oferecendo mais do que um salário inicial alto para atrair recém-formados. Algumas tentam seduzir alunos talentosos antes mesmo de que terminem seus estudos. A BP oferece bolsas de 3 mil libras por ano (US$ 3,6 mil) para estudantes de ciências, tecnologia, engenharia e matemática em Oxford, e os bolsistas entram na via “express” para uma entrevista de emprego no final de seus estudos, segundo o site da universidade.
Tais incentivos nem sempre são suficientes para atrair os melhores talentos. A associação da mudança climática e danos ambientais às grandes petrolíferas afeta a seleção de candidatos recém-formados, disse Lucy Williams, gerente de geociências da Rockhopper Exploration e presidente do Grupo de Petróleo da Sociedade Geológica do Reino Unido.
Para resolver o problema de recrutamento, algumas petrolíferas tentaram dar um toque jovem à sua imagem pública. Um exemplo é Connor Tann, petrofísico e “revolucionário de dados” da BP. Ele estrela o material promocional da empresa como uma cara nova para demonstrar que a empresa pensa em seu futuro.
Aos 26 anos de idade, ele é jovem para o setor, cuja idade média dos profissionais é de 42,2 anos, segundo relatório da associação Oil and Gas UK. Como parte do programa de mentoria da BP, ele tem acesso aos principais executivos da empresa, como o presidente de upstream Bernard Looney, que espera aprender como evitar que recém-formados escolham startups mais descoladas ou gigantes da tecnologia, como o Facebook.
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