Democratas “demonizam” petroleiras em busca de votos nos EUA

As grandes petrolíferas e seus aliados republicanos dizem que o giro dos democratas à esquerda sobre a questão vai provocar um efeito contrário nos eleitores (Imagem: Al Drago/Bloomberg)

Bernie Sanders diz que o setor é uma atividade criminosa. Joe Biden promete tomar medidas contra o segmento. Outros presidenciáveis na disputa pela Casa Branca concorrem para ver quem vai livrar os Estados Unidos da dependência de seus produtos o mais rápido possível.

O setor de combustíveis fósseis está no alvo dos democratas que concorrem à Casa Branca que deram um giro à esquerda em relação à mudança climática, evocando o crescente alarme de um setor que encontrou um grande defensor na administração Trump. O governo dos EUA decidiu revogar as regulamentações sobre a extração de petróleo e propôs medidas de apoio para a mineração de carvão.

“Somos apenas algum tipo de força do mal”, disse Kathleen Sgamma, presidente da Western Energy Alliance, que representa produtores de petróleo e gás. “Estão dobrando as apostas nisso e acrescentando uma retórica muito hostil.”

As grandes petrolíferas e seus aliados republicanos dizem que o giro dos democratas à esquerda sobre a questão vai provocar um efeito contrário nos eleitores, especialmente em estados como Ohio, onde Trump venceu em parte com um apelo às mineradoras de carvão. Esses críticos encomendaram estudos afirmando que as políticas democratas eliminariam milhões de empregos e aumentariam os preços da gasolina.

Mas o argumento não calou candidatos como Sanders, um senador de Vermont.

“Temos de fazer uma pergunta simples: o que você faz com um setor que, conscientemente, por bilhões de dólares em lucros de curto prazo, está destruindo este planeta?”, disse Sanders durante o mais recente debate de candidatos democratas. “Eu digo que é uma atividade criminosa que não pode continuar.”

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(Imagem: Anthony Lanzilote/Bloomberg)

A ânsia do partido em demonizar o setor é uma mudança marcante em relação à corrida eleitoral de 2016, quando Hillary Clinton defendeu o gás natural como um “combustível-ponte” para fontes de energia mais limpas e não quis endossar a proibição da polêmica técnica de perfuração conhecida como fraturamento hidráulico.

Desde então, pesquisas mostram que os eleitores estão cada vez mais preocupados com a mudança climática, à medida que seus efeitos se tornam mais aparentes na forma de furacões, inundações, secas e incêndios catastróficos. E o progressivo Green New Deal, que pede uma “mobilização de 10 anos” para enfrentar a mudança climática basicamente eliminando o uso de combustíveis fósseis para zerar emissões líquidas de carbono, mudou o cálculo político da questão.

Os candidatos propõem planos climáticos cada vez mais agressivos & muitos dos quais buscam efetivamente zerar as emissões de gases do efeito estufa até meados do século ou mesmo antes. Para isso, adotam medidas rigorosas tendo como alvo o setor de combustíveis fósseis.

Um plano ambiental de US$ 10 trilhões divulgado pela senadora de Nova York, Kirsten Gillibrand, por exemplo, promete “fazer os poluidores climáticos pagarem” um imposto sobre a produção de combustíveis fósseis que, segundo ela, geraria US$ 100 bilhões anualmente para serem usados em projetos climáticos.

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