Morta a tiros, ela lutou contra construção de hidrelétrica em terra sagrada
Esta mesma luta, no entanto, acabou tirando a sua vida cerca de um ano depois: em março de 2016, Berta foi assassinada a tiros em sua casa na cidade de La Esperanza, em Honduras.
A ativista já havia denunciado a jornais estrangeiros que vinha recebendo ameaças de morte - que, segundo ela, vinham tanto de seguranças privados como de membros da polícia e do Exército hondurenhos envolvidos com a construção da represa.
Ativista desde o berço
Berta Isabel Cáceres Flores nasceu em Honduras, em 1971, e cresceu em meio a um contexto de crise econômica e política na América Central, marcado pela ascensão de governos autoritários na região.
Era a caçula dos doze filhos de Austra Bertha Flores López, e ainda criança acompanhou os trabalhos da mãe como parteira, em especial junto às mulheres indígenas lenca. Cumpriu também tarefas de mensageira entre sua mãe e diferentes grupos insurgentes da região, o que a levou a se envolver na militância política ainda na infância.
No ensino médio, destacou-se como líder estudantil. Formou-se professora em 1988 e decidiu ir a El Salvador para lutar na guerra civil contra o governo ditatorial de direita estabelecido no país. Regressou a Honduras no ano seguinte, onde além de continuar na militância contra os regimes autoritários na América Central passou também a incentivar a luta pela defesa da natureza e da cultura indígena lenca
Foi casada com o líder indígena Salvador Zúñiga, com quem teve quatro filhos. Hoje, sua filha Bertha Zúñiga Cáceres é uma das principais lideranças na defesa dos direitos do povo lenca.
✅O Exército tem uma lista com nomes de defensores dos direitos humanos procurados, e o meu está no topo. Eu quero viver, há muitas coisas que ainda quero fazer neste mundo, mas nunca pensei em desistir de lutar pelo nosso território (...) Quando eles quiserem me matar, eles o farão.
💥️Berta Cáceres, em entrevista à Al Jazeera, em 2013
Em 2017, Berta foi reconhecida postumamente com o prêmio ambiental mais importante das Nações UnidasA morte de Berta, em 2016, teve repercussão internacional e colocou em evidência a violência e a intimidação sofridas por ambientalistas e defensores dos direitos humanos em Honduras e outros países latino-americanos. Após seu assassinato, investidores internacionais abandonaram o Agua Zarca, e o projeto foi paralisado.
Em 2017, ela foi reconhecida postumamente com o prêmio ambiental mais importante das Nações Unidas, o Campeã da Terra. Em junho de 2022, um ex-executivo da empreiteira Desa foi condenado a mais de 22 anos de prisão pela Justiça hondurenha por ter participado do assassinato da ativista. Pelo menos outras sete pessoas também já foram condenadas por envolvimento no crime.
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