Rover chinês Zhurong encontrou a linha costeira de Marte. Afinal havia um oceano gigante

Marte que conhecemos atualmente é um planeta frio e inóspito que perdeu a maior parte da sua atmosfera, mas há provas de que um grande oceano cobria uma boa parte do hemisfério norte há milhões de anos. O rover chinês Zhurong acaba de encontrar novas provas de que esse oceano existiu.

Ilustração do robô chinês Zhurong que descobriu a linha de água do outrora maior oceano de Marte

Marte já foi parecido com a Terra

O Zhurong foi o primeiro rover chinês em Marte. Fazia parte da missão Tianwen-1. Aterrou em maio de 2023 a sul da Utopia Planitia, uma vasta planície no hemisfério norte do planeta vermelho, 💥️explorada desde a década de 1970 por missões como a sonda Viking 2 da NASA.

Embora a sua especialidade seja a Lua e, acima de tudo, o lado mais distante da Lua, onde alcançou marcos que nenhum outro país tem a seu crédito, a China também está a fazer ciência planetária em Marte graças ao robô.

Uma equipa de investigadores da Universidade Politécnica de Hong Kong realizou uma análise detalhada das caraterísticas topográficas da área, combinando dados de deteção remota (como as sondas em órbita de Marte) com observações diretas do rover Zhurong quando estava ativo.

Alterações climáticas "secaram" o oceano de Marte

A região está dividida numa secção pouco profunda a sul e numa secção mais profunda a norte. Mesmo a parte mais superficial pode ter tido até 600 metros de profundidade. Os resultados sugerem que o oceano marciano pode ter congelado rapidamente, formando camadas de gelo que acabaram por desaparecer, possivelmente devido a alterações climáticas globais.

A presença de água líquida no passado levanta a possibilidade de Marte ter sido habitável para formas de vida microbianas.

A Utopia Planitia tem vindo a ser estudada há décadas e já existiam provas que apontavam para a existência de água no passado. As observações da Zhurong complementam os dados de missões anteriores, oferecendo uma visão mais pormenorizada graças aos seus instrumentos avançados e à sua localização estratégica.

Neste momento, os Estados Unidos e a China são os dois únicos países com rovers ativos na superfície de Marte. A Europa, os Emirados Árabes Unidos e a Índia também estão na órbita de Marte.

O trabalho conjunto das grandes potências poderia ajudar a esclarecer o passado intrigante de Marte. Não queremos acabar nós próprios num planeta inóspito.

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