Volvo deixará de divulgar as margens brutas que obtém com os seus carros. Porquê?
A maioria das fabricantes é bastante transparente no que aos fluxos da sua empresa diz respeito, mostrando vendas e receitas, por forma a dar conta da sua evolução aos clientes e a potenciais investidores, por exemplo. Ora, a Volvo anunciou que deixará de partilhar os números relativos às margens brutas dos seus carros.
A Volvo começou a mostrar as margens brutas geradas pelos seus veículos elétricos a bateria e os seus carros com motores de combustão interna em 2022. Este valor, considerado uma das mais importantes métricas financeiras, corresponde à diferença entre a receita total e os custos e despesas relacionados à produção do produto, ou seja, às receitas que uma empresa retém, após incorrer em custos diretos.
A partir do terceiro trimestre, a Volvo deixará de divulgar as margens brutas que obtém com os seus diferentes sistemas de transmissão, tendo escolhido começar a ser "mais reservada com essa informação competitiva e sensível", segundo partilhado por Jim Rowan, diretor-executivo da empresa, à Automotive News Europe.
A Volvo tomou esta decisão, porque acredita que já provou o seu ponto de vista relativamente à viabilidade de uma margem bruta comparável entre elétricos e motores de combustão interna.
Contexto que justifica a posição da Volvo
Quando o preço do lítio disparou e toda a gente dizia que não havia forma de conseguir a paridade de preços entre os elétricos a bateria e os carros com motor de combustão interna - "não há maneira de chegar a essas margens brutas para serem comparáveis" -, a Volvo acreditou que "era possível", segundo Rowan.
Na altura, a Volvo considerou que o preço de materiais como o lítio, o níquel e o cobalto iria estabilizar e que beneficiaria da adição de baterias de fosfato de ferro e lítio (LFP), menos dispendiosas, em modelos como o EX30.
Perante esta crença, "decidimos ser transparentes com o mercado e mostrar que podíamos chegar a uma margem comparável", disse Rowan.
Mesmo num automóvel pequeno como o EX30, sentimos que podíamos chegar a uma margem bruta entre 15 e 20%.
No segundo trimestre, a margem bruta dos automóveis totalmente elétricos da Volvo atingiu o seu nível mais elevado de sempre, de 20%, em comparação com uma margem de 2,6% durante o período homólogo. A margem bruta dos seus modelos com motor de combustão interna foi de 23%, acima dos 21% do segundo trimestre de 2023.
Já o fizemos. Já provámos o nosso ponto de vista.
Partilhou o diretor-executivo da Volvo, acrescentando que "a questão agora é que estamos a lançar cada vez mais veículos elétricos e os nossos concorrentes podem começar a triangular essa informação". Assim sendo, "chegou a altura de tomarmos outro rumo".
Embora vá deixar as margens brutas desconhecidas, a Volvo continuará a partilhar os números relativos às vendas de veículos elétricos e com motor de combustão interna, à semelhança dos seus rivais, como a BMW, Mercedes e Audi.
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