Apple Intelligence tem grandes desafios pela frente na China
Com entusiasmo, a Apple apresentou-se ao mundo da Inteligência Artificial (IA) na sua última WWDC, dando a conhecer a Apple Intelligence aos programadores e entusiastas da marca. Embora o mundo pareça pronto para esta chegada, a China poderá não estar, havendo alguns desafios a imporem-se.
Durante o evento direcionado para programadores, a Apple disse que a Apple Intelligence será lançada em inglês dos Estados Unidos ainda neste outono, com idiomas, recursos e plataformas adicionais a chegarem ao longo do próximo ano. No entanto, nada foi dito sobre a oferta do produto na China.
Segundo apurou a CNBC, junto de analistas, é provável que este lapso de informação tenha que ver com as regras rígidas da China sobre IA.
A China está noutro mundo quando se trata de IA, dado o ambiente regulatório lá, então a China é um grande asterisco nos grandes anúncios da Apple.
Explicou Bryan Ma, vice-presidente de pesquisa de dispositivos da IDC, ao órgão de comunicação, por e-mail.
De facto, o mercado da China em matéria de IA está fortemente regulamentado, estando algumas das regras relacionadas com requisitos para que os fornecedores de LLM obtenham aprovação para a utilização comercial dos seus modelos. Os fornecedores de IA generativa são, também, responsáveis por retirar conteúdos "ilegais".
Mais, nos últimos anos, a China promulgou vários regulamentos, focados em áreas que vão desde a proteção de dados até grandes modelos de linguagem, como os enormes conjuntos de dados que sustentam aplicações como o ChatGPT.
Ultrapassar as regras da China... Boa sorte, Apple!
A CNBC partilhou algumas barreiras que poderão ser erguidas pela China à Apple no momento de introduzir no mercado a sua Apple Intelligence.
Em primeiro lugar, algumas das funcionalidades da Apple Intelligence baseiam-se no modelo linguístico da própria Apple. De acordo com as regras chinesas, a Apple terá, provavelmente, de obter a aprovação do seu modelo de IA pelas autoridades do país.
Depois, uma das novidades apresentadas no evento WWDC 2024 deu a conhecer o "casamento" entre a OpenAI e a Apple, para a sua assistente de voz, a Siri, poder aceder ao ChatGPT para responder a determinados pedidos. Contudo, esta tecnologia é proibida na China, pelo que a Apple terá de encontrar um parceiro doméstico equivalente. De entre as alternativas estão a Baidu e o Alibaba, por terem os seus próprios LLM e assistentes de voz.
Em terceiro lugar, a censura de que a Internet na China é alvo. Os reguladores estão preocupados com a possibilidade de os serviços de IA da Apple gerarem conteúdos que possam ir contra os pontos de vista ou a ideologia vigentes. Na perspetiva da analista Canalys Nicole Peng, também à CNBC, é provável que a Apple tenha de construir um modelo que cumpra os regulamentos locais.
Por fim, a privacidade. Apesar de tudo o que a Apple vendeu relativamente a esta matéria, assegurando que os dados processados não serão armazenados, sendo apenas processados por servidores da empresa, os dados do iCloud chinês são armazenados em servidores localizados na China e geridos por terceiros. Portanto, a Apple poderá necessitar de uma parceria doméstica para os seus servidores de computação.
Manter a privacidade total do utilizador numa era de IA em mercados altamente regulamentados como a China será o maior teste para a Apple até agora.
Vai ser um desafio para a Apple ter servidores de computação privados próprios totalmente controlados na China.
Disse Neil Shah, sócio da Counterpoint Research, à CNBC.
Na perspetiva de Shah, "a implementação da Apple Intelligence ao nível chinês vai ser uma maratona e não um sprint". Na sua opinião, "será implantado em fases ao longo dos anos até que a Apple esteja confiante, e até então terá de enfrentar alguma competição".
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