BMW importou 8000 veículos para os EUA com peças chinesas proibidas, diz relatório
Um novo relatório revela que a BMW continuou a importar, para os Estados Unidos da América (EUA), veículos equipados com peças de um fornecedor chinês proibido no país.
A medida americana não é uma novidade. Em fevereiro, os EUA retiveram na alfândega centenas de carros da Porsche e da Audi, bem como alguns da Bentley, devido a uma peça de origem chinesa.
Conforme vimos, na altura, além da IRA - Inflation Reduction Act e das taxas sobre a importação de veículos chineses, o país tem a Uyghur Forced Labor Prevention Act (UFLPA), em vigor desde 2023. Esta veta todos os produtos que incluam, mesmo que de forma residual, qualquer componente oriundo de algumas regiões da China.
Agora, um relatório do Senado dos EUA expõe que a BMW continuou a importar Mini Coopers com peças proibidas do Sichuan Jingweida Technology Group (JWD) até, pelo menos, abril.
Em comunicado, a BMW explicou que "tomou medidas para interromper a importação de produtos afetados", e que realizará uma ação para substituir as peças específicas, acrescentando que "possui padrões e políticas rígidas relativamente às práticas de emprego, direitos humanos e condições de trabalho, que todos os nossos fornecedores diretos devem seguir".
A lei americana proíbe "a importação de qualquer bem, mercadoria e artigo, produzido ou fabricado total ou parcialmente na Região Autónoma Uigur de Xinjiang, na República Popular da China". Os EUA argumentam que os materiais e componentes são produzidos nesta região por via de trabalho forçado.
Contexto
Segundo compilado pela Automotive News Europe, o relatório conduzido pela equipa do presidente do Comité de Finanças do Senado, Ron Wyden, concluiu que a Bourns, um fornecedor automóvel com sede na Califórnia, adquiriu componentes do JWD. Esta empresa chinesa foi incluída na lista de entidades da UFLPA em dezembro, presumindo-se que os seus produtos são fabricados por via de trabalho forçado.
A Bourns forneceu peças da JWD à Lear Corp, um fornecedor direto da BMW e da Jaguar Land Rover. A Bourns notificou a Lear, em janeiro, de que os componentes eletrónicos conhecidos como transformadores LAN tinham sido produzidos pela JWD e eram proibidos em veículos importados para os EUA.
No dia 11 de janeiro, a Lear terá enviado cartas à BMW, Jaguar Land Rover, Volvo e Volkswagen Group, a informá-los dos componentes proibidos.
A Lear confirmou que notificou os clientes "sobre os produtos que continham estes componentes e trabalhou com o nosso fornecedor para reencaminhar rapidamente o fabrico destes componentes para outro subfornecedor".
O relatório afirma que a Jaguar Land Rover importou peças sobressalentes com componentes JWD depois de dezembro, acrescentando que a fabricante de automóveis dispensou todo o inventário existente que continha o componente JWD. Mais, a Jaguar Land Rover afirmou que, assim que teve conhecimento do problema, "suspendeu imediatamente todas as remessas das duas peças de reposição afetadas".
Também a Volvo terá recebido transformadores LAN para um novo programa automóvel que ainda não estava em produção, mas não os terá utilizado em nenhum nos seus veículos, segundo o relatório.
Por sua vez, a BMW "parece ter parado (as importações) apenas após o comité ter feito repetidamente perguntas detalhadas à Lear e às fabricantes clientes da Lear, incluindo a BMW, sobre a sua relação com a JWD".
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