Soyuz MS-24 da Rússia leva tripulação à Estação Espacial Internacional

Pela primeira vez este ano, uma missão russa Soyuz entrega três novos membros da tripulação à Estação Espacial Internacional. A guerra parece não afetar a cooperação entre a Rússia e os EUA. Mas, quem ia a bordo desta nave?

Imagem da ISS com a Soyuz

Russos dão boleia a americana até ao espaço

A missão Soyuz MS-24 foi lançada a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. A tripulação era composta por três pessoas, os cosmonautas russos Oleg Kononenko e Nikolai Chub, bem como a astronauta da NASA Loral O'Hara.

A nave chegou esta sexta-feira à Estação Espacial Internacional (ISS) e a acoplagem aconteceu 3 horas depois da partida na Terra.

Kononenko, Chub e O'Hara estavam à espera de ir para o espaço há já algum tempo. Inicialmente, estava programado levar os novos passageiros no início do ano, em fevereiro de 2023, mas uma fuga de líquido de refrigeração a bordo da Soyuz MS-22 acoplada em dezembro de 2022 obrigou a Roscosmos a fazer com que a MS-23 voasse para a Estação sem tripulação.

A Soyuz MS-22 regressou mais tarde em segurança à Terra sem a tripulação, enquanto a Soyuz MS-23 e as Progress MS-22, 23 e 24 não mostraram quaisquer sinais das fugas de líquido de refrigeração que ocorreram à Soyuz MS-22 e à Progress MS-21 durante as suas estadias na Estação. Estas fugas foram oficialmente atribuídas a "impactos externos" pela Roscosmos.

Imagem dos passageiros da Soyuz MS-24

E para D: Astronauta da NASA Loral O’Hara, comandante da missão Oleg Kononenko, e tripulante Nikolai Chub. (Credit: NASA/Bill Ingalls)

Recorde no espaço “por acaso”

A nave MS-23 será utilizada para trazer os tripulantes da Soyuz MS-22 - Sergey Prokopyev, Dmitry Petelin e Frank Rubio da NASA - de volta à Terra após a sua longa estadia na Estação. Esta aterragem está prevista para 27 de setembro, depois de a tripulação ter realizado as atividades de entrega relacionadas com a acoplagem da MS-24.

Frank Rubio tornar-se-á o primeiro americano a passar mais de um ano civil no espaço. Ultrapassou o recorde de Mark Vande Hei de 355 dias de duração de um único voo espacial e terá passado 371 dias consecutivos no espaço com uma aterragem pontual no Cazaquistão a 27 de setembro.

Astronaut Mark Vande Hei “passes the torch” to astronaut Frank Rubio, who just beat his record for single longest US spaceflight.

Rubio’s extended stay aboard the @Space_Station helps us see how the human body reacts to microgravity, and informs future missions to deep space. pic.twitter.com/crhO3lDgXR

— NASA (@NASA) September 12, 2023

Este será o recorde dos EUA para o mais longo voo espacial individual, enquanto o falecido cosmonauta russo Valeri Polyakov detém o recorde mundial para a mais longa estadia individual no espaço, com 437 dias. O voo de Polyakov foi efetuado a bordo da estação espacial Mir em 1994-1995.

Quando a nave Soyuz MS-23 se desacoplar com Prokopyev, Petelin e Rubio a bordo, a Expedição 69 terminará e a Expedição 70 começará.

Na estação em órbita, o trio juntou-se a três russos, dois americanos, um astronauta japonês e um representante da Agência Espacial Europeia.

Relação pacificada acima da Terra

A ISS é um local raro para a cooperação entre os Estados Unidos e a Rússia, cujos laços se romperam depois de Moscovo ter desencadeado a sua ofensiva na Ucrânia no ano passado.

Kononenko aludiu às tensões durante uma conferência de imprensa antes do voo, na quinta-feira, dizendo que "ao contrário do que acontece na Terra", os cosmonautas e os astronautas cuidam uns dos outros no espaço.

Lá ouvimo-nos uns aos outros, compreendemo-nos e somos muito sensíveis às nossas relações. Cuidamos sempre uns dos outros.

Disse Oleg Dmitriyevich Kononenko, um cosmonauta russo, veterano de quatro missões espaciais na Estação Espacial Internacional.

No mês passado, o módulo russo Luna-25 despenhou-se na superfície da Lua após um incidente durante as manobras de pré-aterragem, o que constituiu um enorme embaraço para Moscovo.

A missão pretendia marcar o regresso da Rússia à exploração lunar independente, face aos problemas financeiros e aos escândalos de corrupção, bem como ao seu crescente isolamento do Ocidente.

A última vez que Moscovo fez aterrar uma sonda na Lua foi em 1976, antes de se afastar da exploração lunar em favor de missões a Vénus e da construção da estação espacial Mir.

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