Há 120 mil anos, a temperatura da Terra era semelhante à atual e o Ártico ficou sem gelo
Um novo estudo analisou o último período em que a Terra atingiu uma temperatura semelhante à atual, de modo a compreender o que poderá acontecer, agora, ao gelo do Ártico.
De um lado, a Antártida, que parece estar a ser poupada ao degelo provocado pelo aumento progressivo da temperatura média global. Do outro, o Ártico, que tem sido visivelmente afetado.
Agora, um novo estudo, liderado por investigadores da Universidade de Estocolmo, analisou o último período interglaciar - entre 129.000 e 115.000 anos atrás -, por forma a entender o que poderá acontecer, desta vez, ao gelo do Ártico.
O estudo baseou-se na análise de restos fósseis de plâncton dessa época, especificamente ✅foraminíferos planctónicos, um tipo de organismo unicelular. Nesses fósseis, os investigadores encontraram largas quantidades da espécie ✅Turborotalita quinqueloba, um tipo de plâncton que tende a habitar regiões subpolares e que pode ser encontrado em abundância no Atlântico.
A análise da ocorrência destes microrganismos permitiu concluir que, durante o último período interglaciar, os verões boreais deixaram o Oceano Ártico completamente sem gelo. Os autores referem-se a este fenómeno como "Atlantificação", isto é, a adoção pelo Oceano Ártico de características do Atlântico.
Normalmente, os especialistas em clima recorrem à última era glaciar, usando-a como referência para compreender o que se passa, hoje em dia, com o nosso clima. Principalmente, para estimar o seu comportamento no futuro.
O último período interglaciar, entre 129.000 e 115.000 anos antes do presente, é um período interessante para estudar, porque é a última vez na história da Terra em que as temperaturas médias globais foram semelhantes, ou talvez superiores, às atuais, e o nível do mar foi consideravelmente mais elevado, até 6 a 9 metros mais alto.
Explicou Flor Vermassen, coautor do estudo, num comunicado de imprensa.
Além disso, importa considerar alguns fatores, aquando das comparações entre o último período interglaciar e o presente, nomeadamente, o cumprimento do Acordo de Paris, assinado em 2015, que pressupõe a não ultrapassagem do limite de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
A dimensão da camada de gelo do Ártico não está diretamente relacionada com a subida do nível da água do mar. Contudo, existe uma relação indireta, que pode ter acontecido no último período interglaciar: a modificação do albedo, que faz com que os oceanos convencionais absorvam o calor, enquanto as áreas congeladas o refletem.
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