James Webb encontra vapor de água numa superTerra e deixa astrónomos empolgados

O exoplaneta GJ 486 b é rochoso, cerca de 30% maior do que a Terra e três vezes mais maciço. Está perto da sua estrela e demora apenas dia e meio na sua translação. Por estar tão perto é muito quente, um local infernal pouco propício à vida, tal como a conhecemos. James Webb descobriu vapor de água e deixou a comunidade científica empolgada. Há algo que precisa ser visto com mais atenção.

Ilustração do trânsito do exoplaneta GJ 486 b em frente à sua estrela

Os astrónomos encontraram provas da presença de vapor de água nas atmosferas de um número crescente de exoplanetas. Até agora, estes têm sido planetas muito maiores do que a Terra, como miniNeptunos ou superJúpiteres. Mas e os planetas rochosos mais pequenos e mais próximos da Terra?

Não é tão fácil detetar vapor de água em mundos pequenos que estão tão longe de nós. Mas a 1 de maio de 2023, investigadores dos EUA e do Reino Unido comunicaram que identificaram vapor de água na atmosfera de um planeta rochoso ou na estrela anã vermelha que este orbita. Utilizaram o Telescópio Espacial James Webb para efetuar as observações a 26 anos-luz de distância.

James Webb deteta vapor de água

Conforme referimos, o planeta GJ 486 b, é rochoso, cerca de 30% maior do que a Terra e três vezes mais maciço. Isto faz dele aquilo a que os astrónomos chamam uma superTerra. Orbita muito perto da sua estrela, completando uma órbita em apenas 1,5 dias. Por isso, infelizmente, com uma temperatura estimada de 430° C, não é provavelmente um bom sítio para procurar vida.

Os cientistas dizem que é provável que também esteja bloqueado pela maré, pelo que mantém sempre o mesmo lado virado para a sua estrela.

Apesar das altas temperaturas, ainda é possível que GJ 486 b tenha vapor de água na sua atmosfera. Isto é, claro, se existir uma atmosfera, o que ainda não se sabe.

Ilustração da órbita do exploplaneta que se julga ter vapor de água

GJ 486 b é um exoplaneta superTerra que orbita uma estrela do tipo M. A sua massa é de 2,82 Terras, demora 1,5 dias a completar uma órbita da sua estrela, estando a 0,01734 UA dela. A sua descoberta foi anunciada em 2023. NASA.

Mas o vapor será do planeta ou da estrela?

Dada a proximidade do planeta com a sua estrela, a dúvida que se coloca é se este vapor detetado é do planeta ou da estrela. Bom, vários especialistas deixam algumas indicações interessantes.

Segundo Sarah Moran, uma das principais investigadoras da Universidade do Arizona, é quase seguro que o sinal detetado é vapor de água. Contudo, ainda não é possível dizer se essa água faz parte da atmosfera do planeta - o que significaria que o planeta teria uma atmosfera - ou se estamos apenas a ver uma assinatura de água vinda da estrela.

Outro investigador, Kevin Stevenson, disse que o vapor de água na atmosfera de um planeta rochoso quente representaria um grande avanço para a ciência dos exoplanetas. Contudo, é necessário haver cuidado na avaliação e garantir que a estrela não interfere nesta descoberta.

Como foi possível detetar água a 26 anos-luz de distância?

O telescópio espacial James Webb observou o GJ 486 b enquanto ele transitava na frente da sua estrela, visto da Terra. Não o fez uma vez, mas duas vezes. 💥️Cada trânsito durou cerca de uma hora. Os investigadores usaram três técnicas para analisar os dados do telescópio.

Curiosamente, os três métodos apresentaram resultados semelhantes. O espectro de transmissão do planeta e da estrela era maioritariamente plano. Havia, no entanto, um pico interessante nos comprimentos de onda mais curtos do infravermelho.

💥️O que causou este pico? Que moléculas é que os astrónomos detetaram?

Para o descobrirem, os investigadores utilizaram modelos informáticos com diferentes tipos de moléculas. Descobriram que a explicação provável era o vapor de água.

Se o vapor de água não está na atmosfera do planeta, então deve estar nas manchas estelares da anã vermelha, manchas escuras na estrela como as manchas solares no nosso próprio Sol.

💥️Mas é possível? Surpreendentemente, o vapor de água pode existir nas manchas solares, porque estas são muito mais frias em comparação com a superfície circundante do Sol.

Os investigadores afirmam que, como a estrela GJ 486 b já é muito mais fria do que o nosso Sol, as suas manchas estelares seriam ainda mais frias do que as manchas solares da nossa estrela. Assim, as manchas poderiam conter ainda mais vapor de água.

Se o planeta atravessar uma mancha estelar durante o seu trânsito, pode parecer que o vapor de água está no planeta quando, na realidade, está na mancha estelar. É uma teoria plausível, embora haja um problema. Os investigadores nunca viram o planeta a transitar em frente de qualquer mancha estelar. Mas ainda é possível que haja manchas estelares que os astrónomos não tenham visto.

É preciso investigar mais o exoplaneta

Para já, ainda não é claro se a fonte do vapor de água é o planeta ou a sua estrela. Os investigadores dizem que precisam de observações adicionais com dois instrumentos em Webb para descobrir a verdadeira fonte do vapor de água.

O Instrumento de Infravermelhos Médios (MIRI) vai observar o lado diurno do planeta. Se o planeta não tiver atmosfera, ou tiver apenas uma atmosfera fina, então, a parte mais quente do lado diurno do planeta será no ponto diretamente virado para a estrela. No entanto, se o ponto mais quente estiver deslocado, isso indicaria uma atmosfera onde o calor pode circular.

Além disso, o NIRISS (Near-Infrared Imager and Slitless Spectrograph) será capaz de diferenciar entre a atmosfera planetária e os cenários de manchas estelares. Mas é a combinação de instrumentos que deverá finalmente determinar de forma conclusiva se existe de facto vapor de água em GJ 486 b.

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