Trotinetes partilhadas: problemas de segurança superam vantagens e levantam preocupações

As trotinetes elétricas ou e-scooters partilhadas são um serviço de mobilidade apontado como sustentável e importante para a logística urbana. Contudo, um novo estudo fez uma avaliação socioeconómica deste meio de transporte e concluiu que, apesar dos benefícios, há questões de segurança que custam alguns milhões de euros por ano.

Trotineta elétrica

Enquanto serviço de mobilidade, geralmente, as e-scooters são publicitadas como um meio de transporte mais sustentável e logisticamente vantajoso para os centros urbanos. No entanto, existem preocupações relativas, nomeadamente, à sua segurança e aos impactos ambientais que resultam da sua utilização.

Utilizada mundialmente, esta tendência da mobilidade chegou às ruas da capital portuguesa há cerca de cinco anos. Por assegurar uma frota considerável e por ser a segunda cidade, na Europa, com mais viagens ✅per capita, Lisboa foi escolhida por Rosa Félix, Mauricio Orozco-Fontalvo e Filipe Moura, do Instituto Superior Técnico, para ser o caso de estudo de uma investigação que levaram a cabo - "Socio-economic assessment of shared e-scooters: do the benefits overcome the externalities?" - e que foi publicada no ✅Transportation Research Part D: Transport and Environment.

Trotinetes são ambientalmente vantajosas

Os investigadores utilizaram dados relativos a 1,4 milhões de viagens fornecidos por um operador de e-scooters partilhadas, em Lisboa, bem como um inquérito próprio que envolveu 919 respostas. O objetivo passava por perceber como é que as trotinetas elétricas são utilizadas e quais os seus custos e benefícios.

Trotineta elétrica

De modo a quantificar o impacto socioeconómico das trotinetas elétricas partilhadas, os autores começaram por considerar os custos e os benefícios ambientais da utilização das plataformas dedicadas a este transporte.

Segundo os dados apresentados, em 2023, 40% das viagens realizadas, em Lisboa, aconteceram em alternativa à utilização do automóvel, traduzindo-se numa poupança ambiental estimada de 41 mil euros anuais. Economicamente falando, esta troca, que é um dos mais relevantes benefícios das e-scooters partilhadas, resultou num benefício económico de cerca de 606 mil euros.

Socialmente, o cenário das e-scooters escurece

Em 2023, a sinistralidade associada às e-scooters partilhadas custou cerca de cinco milhões de euros em despesas de saúde à cidade de Lisboa. Este valor é 11 vezes superior aos benefícios ambientais e económicos gerados pela sua utilização.

Trotineta elétrica

Além disso, em 2022, o INEM transportou 6.280 pessoas, cujos ferimentos resultaram da utilização de trotinetas, bicicletas e skates - quase o triplo do valor registado em 2023.

Os resultados mostram que, embora existam claros benefícios ambientais e económicos, o impacto negativo das trotinetas elétricas partilhadas na saúde (relacionado com o grande número de colisões e ferimentos) supera os benefícios, expondo os encargos de segurança relacionados e questionando a sua contribuição para uma mobilidade urbana mais sustentável.

Lê-se no estudo, onde os investigadores confirmam "o potencial destes veículos para melhorar a mobilidade urbana", ao mesmo tempo que ressalvam que esse é "ensombrado pelos resultados da avaliação da segurança rodoviária".

E-scooters

Na discussão, os autores recordam que, apesar de não terem ocorrido mortes durante a janela temporal que definiram para a recolha de dados (2019), o mesmo não aconteceu nos anos seguintes (2021 e 2022), durante os quais foram reportadas três mortes, em Lisboa.

Perante os resultados, os investigadores sugerem, entre outras coisas, a obrigatoriedade de formações de segurança para os utilizadores.

O que você está lendo é [Trotinetes partilhadas: problemas de segurança superam vantagens e levantam preocupações].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...