Dilemas do Banco Central

Em razão de todo o ruído do presidente Lula com o Banco Central, há hoje um déficit de credibilidade relacionado à natureza da próxima diretoria. Dois fatores agravaram o problema.

Primeiro, a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de maio, em que, por cinco votos, decidiu-se reduzir o ritmo de corte dos juros para 0,25 ponto percentual, e quatro diretores votaram pelo corte de 0,5 ponto. A divisão 5 a 4 espelhou o corte político das escolhas dos diretores. Aqueles indicados por Lula votaram pela manutenção do ritmo de redução.

Segundo, a experiência com o BC do presidente Alexandre Tombini, que esteve à frente da autoridade monetária no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, quando houve claros sinais de interferência do Executivo na formulação da política monetária.

Assim, para sinalizar que o novo Copom terá independência em relação ao Executivo e manterá postura técnica, pode haver um ciclo de elevação dos juros agora.

De fato, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, e provável novo presidente, tem sido muito claro em reafirmar a meta. Até Lula, no último dia 16, em entrevista a uma rádio gaúcha, declarou: "Na hora em que [o novo presidente do BC] precisar reduzir a taxa de juros, ele vai ter de ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora em que vai aumentar, ele vai ter de ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar".

O mercado entendeu o movimento de construção de reputação do BC e já considera um ciclo de alta da Selic de 1,5 ponto percentual, com três aumentos de 0,5 ponto.

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