Sem regulamentação efetiva, apostas online são caixas de Pandora nas periferias
Silenciosamente, entrega-se para cada par de mãos vazias uma caixa. Quem a recebe não consegue perceber de onde veio. Parece surgir do nada, na sutileza da fissura que marca a transição do momento de mais agudo desespero para o de branda apatia. Pesa bastante, tal objeto, como se dentro dele a promessa do ter, do conquistar, do desfrutar, do progredir — dos verbos cujas ações resultarão em novos dias —, fizesse morada.
Chega fechada. Assim permanece até que a angústia encontre na curiosidade o imperativo que faz os sofridos se lançarem ao desconhecido. No fundo, o medo, ainda na sua fase primitiva de cautela, alerta sobre a desgraça, mas não é levado em consideração. O que fica, entre as mãos vazias, é o completo desejo de apostar o que nem se tem naquilo que tanto anseia possuir: uma chance. Uma única chance.
A caixa não chega sozinha. Junto dela, as Pandoras — belas armadilhas de um destino já traçado, de um plano já desenhado — sempre bem recebidas nas casas dos que pouco têm. A elas é oferecido o que tiver sobrado como migalhas esfareladas na despensa. Uma vez instaladas, confortáveis e com livre acesso às informações sobre as vidas dos curiosos, permitem que seja finalmente encerrada a tortuosa condição do não saber. Cada um abre seu receptáculo. Nele, de fato, o tudo, entretanto: também o nada. A única chance é, na verdade, uma aposta.
Traga o mito para a realidade. Coloque-o para jogo, dê-lhe alguma utilidade prática. Faça valer seus simbolismos. Pois quem consegue ter algum tempo e energia para observar o mundo ao seu redor, enxerga como as desditas são espalhadas sempre, e primeiro, na morada dos desafortunados.
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