SpaceX de Musk prepara-se para enviar ainda este mês quatro pessoas em missão inédita (e arriscada) aos cintos de radiação da Te
A SpaceX está prestes a lançar uma missão inédita e arriscada que levará quatro civis aos perigosos cintos de radiação da Terra. A missão, denominada Polaris Dawn, tem o seu lançamento agendado para as 08h30 (hora de Lisboa) de 26 de agosto.
Ao contrário de outras missões espaciais financiadas por empresários abastados, que muitas vezes se assemelham a simples passeios de luxo, a Polaris Dawn é uma missão de teste concebida para ultrapassar os limites da exploração espacial. Jared Isaacman, fundador da empresa de serviços de pagamento Shift4 e piloto de jatos com uma paixão de longa data pelo espaço, lidera esta expedição que visa não só replicar as experiências dos astronautas profissionais, mas também avançar na tecnologia espacial.
Isaacman e a sua equipa — que inclui Scott Poteet, Sarah Gillis e Anna Menon — passarão cinco dias a bordo de uma cápsula SpaceX Crew Dragon, que atingirá altitudes superiores às alcançadas por qualquer ser humano desde o fim do programa Apollo da NASA nos anos 70. A órbita desta missão irá levá-los a mergulhar nos cintos de radiação de Van Allen, uma zona perigosa devido à alta concentração de partículas energéticas.
Uma das tarefas mais ousadas desta missão será a abertura da escotilha da Crew Dragon, expondo a tripulação ao vácuo do espaço. Esta será a primeira vez que tal feito será tentado por astronautas não governamentais. Para isso, a equipa contará com novos fatos de Atividade Extra-Veicular (EVA), desenvolvidos pela SpaceX em apenas dois anos e meio. Segundo Garrett Reisman, ex-astronauta da NASA e consultor da SpaceX, em declarações à CNN Internacional “Jared [Isaacman] não está apenas a fazer um passeio de luxo, está a fazer algo que a SpaceX não faria necessariamente sozinha, para aumentar as suas capacidades”.
💥️Uma Missão Sem Precedentes
Anunciada pela primeira vez em 2022, a Polaris Dawn é a primeira de três missões de teste e desenvolvimento sob o Programa Polaris, que Isaacman se comprometeu a executar e financiar em conjunto com a SpaceX. O objetivo final deste programa é validar tecnologias que a SpaceX precisará quando levar humanos para mais longe no cosmos, incluindo fatos espaciais, tecnologia de EVA e sistemas de suporte de vida.
Após o lançamento, a tripulação da Polaris Dawn viajará numa órbita oval que se estenderá até 1.400 quilómetros da Terra, mergulhando profundamente no cinto de radiação interno da Terra. Quase imediatamente após alcançar o espaço, a tripulação começará um processo de “pre-breathe”, semelhante ao que os mergulhadores fazem para evitar a doença de descompressão. Este processo, que visa purgar o nitrogénio do sangue dos astronautas, durará cerca de 45 horas, de acordo com Sarah Gillis, engenheira líder de operações espaciais na SpaceX.
No terceiro dia da missão, a tripulação abrirá a escotilha da Crew Dragon a uma altitude de cerca de 700 quilómetros. Embora todos os membros da tripulação sejam expostos ao espaço, apenas Isaacman e Gillis sairão da cápsula, permanecendo ligados à nave por um sistema de cabos.
💥️Desafios Técnicos e Riscos Significativos
Desenvolver uma missão tão inovadora em menos de três anos é incrivelmente rápido pelos padrões aeroespaciais. No entanto, Garrett Reisman afirma que “ir mais rápido não é necessariamente mais arriscado”, referindo-se à rapidez de desenvolvimento e aos extensos testes em terra realizados pela SpaceX.
A missão Polaris Dawn apresenta riscos significativamente maiores do que outras missões de turismo espacial, incluindo as realizadas pela SpaceX para a Estação Espacial Internacional (ISS). Entre os desafios está o desenvolvimento dos fatos EVA, que, embora não incluam um Sistema de Suporte de Vida Primário (PLSS) como os usados na ISS, contarão com mangueiras longas ligadas à cápsula para fornecer suporte vital à tripulação.
A cápsula Crew Dragon também passou por rigorosos testes para garantir que os seus componentes eletrónicos poderiam resistir ao ambiente de radiação durante a missão. Jared Isaacman revelou que a SpaceX submeteu os sistemas eletrónicos a radiação intensa num laboratório de oncologia para determinar quando e como a tecnologia poderia falhar. Além disso, a SpaceX implementou software de reinicialização automática para lidar com eventuais falhas nos computadores devido à radiação.
Avanços Tecnológicos e o Futuro da Exploração Espacial
Apesar dos riscos, a tripulação da Polaris Dawn não expressa qualquer hesitação. Anna Menon, engenheira líder de operações espaciais da SpaceX e médica da tripulação, disse que a confiança nos processos de resolução de problemas da empresa lhe dá conforto. Scott Poteet, ex-piloto da Força Aérea e colaborador de Isaacman na Draken International, destacou a competência da equipa da SpaceX e a sua capacidade de realizar a missão em poucos anos como um testemunho do seu profissionalismo.
Isaacman vê esta missão como parte de um esforço mais amplo para avançar a exploração espacial, alinhado com a missão fundadora da SpaceX de tornar a humanidade uma espécie multiplanetária. A inspiração para estes feitos audaciosos vem, em parte, da visita de Isaacman às instalações da SpaceX no Texas, onde testemunhou os testes e operações de lançamento do foguete Starship, a maior nave já criada e que Elon Musk espera usar para levar humanos a Marte.
Apesar das polémicas em torno de Elon Musk, Isaacman reconhece o papel crucial do CEO na condução da visão da SpaceX. Contudo, salienta que “a SpaceX é uma organização muito, muito grande” e que, muitas vezes, o crédito pelo trabalho da empresa é atribuído a uma única pessoa.
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