Ela morou na rua e pensou em se matar; em Paris, virou finalista olímpica

Shafiqua Maloney é a primeira finalista olímpica da história de São Vicente e Granadinas

Shafiqua Maloney é a primeira finalista olímpica da história de São Vicente e Granadinas Imagem: DeFodi Images/DeFodi Images via Getty Images

"Eu passei por muita coisa para poder vir aqui e ainda representar o meu país". A frase de Shafiqua Maloney após competir na final dos 800m rasos feminino, em Paris, é comum entre os atletas nos Jogos Olímpicos. Mas a história da velocista de São Vicente e Granadinas não é. No ano passado, ela viveu na rua. Pensou em desistir de tudo.

Ainda adolescente, Shafiqua se mudou para os Estados Unidos para estudar e viver do esporte. Em 2023, ela conquistou a medalha de ouro na prova dos 800m sub-23 da NCAA, o tradicional circuito esportivo universitário. Apesar das boas atuações, a atleta teve dificuldades em somar recursos para pagar seus técnicos e manter uma boa alimentação.

No ano passado, esgotou tudo o que tinha e, sem qualquer tipo de auxílio público ou privado, foi morar nas ruas. Cogitou encerrar a carreira até que recebeu ajuda e abrigo da Universidade do Arkansas. Em fevereiro deste ano, a velocista conseguiu a classificação para as Olimpíadas de Paris. Seis meses depois, conquistou a primeira final olímpica de São Vicente e Granadinas.

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"Agora, eu tenho um telhado sobre a minha cabeça. Tenho que agradecer à Universidade de Arkansas, eles foram as primeiras pessoas que me deram um lugar seguro para ficar por alguns meses. Sou realmente muito grata a eles. As coisas melhoraram. É definitivamente uma honra estar aqui. Eu passei por muitas situações para poder vir aqui e ainda representar o meu país", disse a atleta do país caribenho ao .

Shafiqua também mencionou o apoio do técnico Chris Johnson e da mãe, que a ajudava quando podia com o dinheiro que ganhava trabalhando em navios de cruzeiro e como babá. Nos momentos mais difíceis em que não enxergava perspectivas, a velocista chegou a pensar em dar fim à própria vida.

Queria desistir de tudo, até da vida. Foi muito ruim, mas consegui passar por isso. Estou muito melhor agora, tenho as pessoas certas ao meu redor, mas foi bem complicado. Em todos os meses que eu pensei que não conseguiria reagir mais, meu treinador me levantava e não me deixava desistir. Estou feliz por estar aqui e poder representar meu país.

Às vezes, você tem que ter as pessoas certas ao seu redor para chegar onde você está indo. E eu acho que Deus colocou as pessoas certas na minha vida. E eu estou muito grata a todas elas. Minha mãe sacrificou muito para que eu pudesse continuar fazendo o que eu estava fazendo.
💥️Shafiqua Maloney

A história da velocista foi à tona depois de uma entrevista que ela concedeu à mídia jamaicana. Após a revelação da situação crítica, ela conseguiu o patrocínio de uma indústria de São Vicente e Granadinas para sua preparação rumo a Paris e pelos próximos dois anos que deve chegar a cerca de 60 mil dólares. O primeiro ministro do país em que Shafiqua nasceu também ofereceu apoio e recursos.

"No futuro, entre agora e as Olimpíadas, nós iremos ajudar a cuidar desta jovem e garantir que ela receba o que é razoavelmente necessário", declarou o Primeiro-Ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Everard Gonsalves, ao 'Sportmax', da Jamaica.

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Nas Olimpíadas de Paris, Shafiqua escreveu um capítulo importante na reconstrução da sua vida e, de quebra, marcou a história de São Vicente e Granadinas. Ela ficou a menos de 20 centésimos de garantir um lugar no pódio nos 800m livre. A frustração por ter chegado tão perto da medalha vem, é claro, mas ela não deixa de celebrar e já pensar num futuro com um caminho bem diferente do ciclo anterior.

"Definitivamente gostaria de ganhar a medalha, as coisas não foram como eu esperava. Acabei fazendo uma prova mais lenta do que eu pensava. Mas eu tentei fazer meu máximo, me manter entre as primeiras, só que não funcionou dessa vez. Fico grata por ter vindo a Paris. Poderia ter sido a oitava, porém cheguei em quarto. Agora, vou adquirir mais experiência para seguir evoluindo", disse Shafiqua.

Participar das Olimpíadas me tornou mais forte mentalmente e fisicamente. Eu acho que tudo isso ajudou na construção do meu caráter e como pessoa. Me mostrou que eu tenho que lutar por tudo o que eu quero e nada na vida é fácil.
💥️Shafiqua Maloney

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